Ainda que tenha doído ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fechar o acordo de cessar-fogo com o Hamas, como ele próprio lamentou, e mesmo com o adiamento do que foi tratado, a trégua ainda é a melhor decisão de seu governo desde o início da guerra provocada pelo ataque terrorista do grupo. Salvar vidas deveria ter sido prioridade imediata – acabar com o Hamas é importante, mas primeiro deveria ter elegido como fundamental trazer de volta os filhos e filhas de Israel arrastados para dentro de Gaza.
Nesse primeiro grupo, serão 50 reféns dos cerca de 240 sequestrados naquele sábado infame. Preferência para menores e mulheres – e, dentre elas, as mães. Quatro reféns haviam sido libertados em duas ocasiões em outubro, além de uma que foi resgatada pelo exército de Israel. O mais cruel é desconfiar que, dos que sobrarão nas masmorras do Hamas, muitos podem estar mortos.
Os que saem serão trocados por palestinos mantidos em penitenciárias israelenses. Em geral, menores de 18 anos são acusados de lançar pedras contra forças de segurança israelenses na Cisjordânia e de tentar esfaquear agentes de segurança em cidades do país.
No frio cálculo que militares e políticos costumam fazer, será um israelense para cada três prisioneiros palestinos. Já foi mais complexo: quando o soldado Gilad Shalit, 27 anos, foi libertado, em 2011, após cinco anos de cativeiro do grupo terrorista, ele foi trocado por 1.027 palestinos.
Os dois lados ganham um suspiro. Netanyahu tem sido duplamente pressionado: pelas críticas do apagão de segurança e inteligência e pelas marchas dos israelenses, que têm lotado praças, avenidas e estradas, pedindo pela volta dos reféns. Em um dos protestos, um grupo marchou de Tel Aviv a Jerusalém exigindo negociação. De carro, é uma viagem de uma hora, de subida até as colinas da Cidade Sagrada. Foram cinco dias de mobilização.
O Hamas também ganha um tempo com o cessar-fogo. Sua estrutura tem sido sufocada, ao mesmo tempo em que a população de Gaza sofre com falta de comida, água e medicamentos.
Esse suspiro, para todos, é a melhor notícia desde o infame 7 de outubro.