Muito ainda será apurado e dito sobre a atuação do general Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) demitido na quarta-feira (19), após a divulgação das imagens que mostram o militar aposentado circulando no Palácio do Planalto entre invasores na tarde de 8 de janeiro. Mas alguns erros do homem de confiança de Lula, antes, durante e depois dos ataques, já podem ser descritos.
No dia da invasão, o primeiro problema é a falta de comando do general sobre sua tropa. Nas cenas mostradas pelas câmeras, G. Dias caminha entre os vândalos, enquanto seus subordinados no GSI observam os bolsonaristas radicais carregarem extintor de incêndio e até lhes oferecerem água. O general não parece liderar a reação.
Outro equívoco no dia é que o próprio ministro aparece indicando aos ativistas as saídas do terceiro e quarto andares do Planalto, sem lhes dar voz de prisão. O argumento de G. Dias é que os invasores seriam concentrados no segundo andar, no salão nobre, para que ali fossem feitas as detenções - mas isso ainda precisa ser apurado.
Os erros posteriores ao dia do ataque são tão ou mais graves: G. Dias não teria dado a Lula a real dimensão da aparente conivência de seus comandados com os invasores. Àquela altura, grande parte da tropa era integrada por pessoas de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro.
G. Dias também teria omitido do presidente as imagens de algumas das câmeras de segurança do palácio - entre elas, curiosamente, as que registraram as cenas em que ele próprio aparecia.
Mais: se o próprio G. Dias testemunhara a inação dos militares aos quais comandava, por que não ordenara suas prisões nas 24 ou 48 horas subsequentes ao dia 8 de janeiro?
Se voltarmos no tempo, é possível ainda encontrar mais dúvidas, erros ou omissões. O governo contabilizava apenas oito dias de mandato, mas, se suspeitas já pairavam sobre o GSI como enclave bolsonarista comandado anteriormente pelo general Augusto Heleno - a ponto de Lula trocar sua segurança pela Polícia Federal -, não houve tempo suficiente para troca dos responsáveis pela segurança do palácio? Não é um efetivo, assim, tão grande, diga-se de passagem.
Além disso, de quem foi a ordem para dispensar na véspera o reforço enviado no dia 6 de janeiro pelo então comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra Menezes, para proteger a sede do Executivo? G. Dias sabia? Ordenou?