Se o Ocidente tem um pé na Ucrânia, a Rússia não faz por menos: garante seu quinhão de influência por aqui. E ele se chama Venezuela.
Em termos geopolíticos, o país de Nicolás Maduro é um território perfeito para o presidente Vladimir Putin exercer pressão em uma zona tradicionalmente sob o olhar dos Estados Unidos. Há anos, a Rússia tem cooperação militar com a Venezuela e, por vezes, militares do Kremlin desembarcam no país latino-americano para exercícios em cooperação com o exército bolivariano - sem falar de militares sem identificação que, por vezes, atuam nos setores de inteligência, principalmente depois da revolta que culminou na autoproclamação de Juan Guaidó como presidente, em 2019.
Claro, a Rússia não irá ocupar a Venezuela, como tenta fazer na Ucrânia. Longe disso. Mas deve transformar o país latino-americano em peça fundamental para incomodar os americanos em sua área de influência.
Nesta segunda-feira (15), escrevi sobre os jogos de guerra organizados pelo Ministério da Defesa russo e que terá, entre outras sedes, o país de Maduro. Nas competições, diferentes exércitos, todos aliados do Kremlin, realizarão provas de tiro, deslocamento de tropas, artilharia e entre blindados. Na Venezuela, provavelmente as competições se restringirão a snipers (atiradores de elite) e infantaria. Então, não e engane: há tropas russas na Venezuela nesse exato momento em que você está lendo esse texto.
Na segunda-feira (15), Putin afirmou que a Rússia está pronta para fornecer equipamentos militares a seus aliados na América Latina.
- A Rússia aprecia sinceramente os laços historicamente fortes, amigáveis e de verdadeira confiança com os países de América Latina, Ásia e África. Estamos prontos para oferecer aos nossos aliados os mais modernos tipos de armas, desde armas pequenas até veículos blindados e artilharia, passando pela aviação de combate e veículos aéreos não tripulados - disse Putin, no discurso de abertura dos jogos.
O presidente russo também se mostrou favorável a receber militares estrangeiros para que sejam treinados no país.
Não é uma crise dos mísseis, como a que ocorreu em 1962, em Cuba. Ainda.