O médico gaúcho Victor Sorrentino, detido no Egito no domingo (30) e acusado de assédio a uma vendedora de loja, pode ser solto nesta quarta-feira (2).
Segundo informações obtidas pela coluna junto a fontes no Itamaraty, o procurador de Justiça encarregado do caso teria se mostrado favorável a encerrar o episódio por meio de uma conciliação entre o médico e a vítima exposta no vídeo no qual Sorrentino fala palavras de duplo sentido e com conotação sexual.
Nesta terça-feira (1º), foi realizada uma audiência na sede da procuradoria do país. Durante a sessão, o promotor decidiu que o brasileiro ficaria quatro dias detido, até que as investigações sejam concluídas. O prazo, no entanto, começou a valer no domingo (30) e expira nesta quarta-feira (2).
No entendimento de fontes no Itamaraty, está tudo mais ou menos encaminhado para "se resolver de forma relativamente tranquila a situação".
A coluna também apurou que Sorrentino está detido em uma sala na delegacia de Al-Haman, localizada no bairro 6 de Outubro, a 40 minutos do centro do Cairo. Ele não tem acesso a celular. O médico está isolado de outros presos para que seja preservada sua integridade física. Ele só tem acesso ao cônsul brasileiro no Cairo e ao advogado. Sorrentino só deixa o local para comparecer às audiências, como a realizada nesta terça-feira na sede da procuradoria.
Em conversa com o promotor, Sorrentino se mostrou arrependido da publicação do vídeo e afirmou que já pedira desculpas à vítima. A pedido do brasileiro, autoridades do Itamaraty envolvidas nas negociações no Cairo disseram ao promotor que o médico desejaria encerrar o caso com a máxima brevidade possível, respeitando-se a legislação egípcia, inclusive com a possibilidade de conciliação entre as partes. Em resposta, o promotor afirmou que, se a denunciante retirasse as acusações, o processo seria extinto, e o brasileiro poderia deixar o país.
Conforme apurou a coluna, o episódio no Egito é entendido como uma grave ofensa à imagem da mulher muçulmana. Desde 2014, assédio sexual é crime. Trata-se de uma lei relativamente nova, que o governo tem interesse em mostrá-la ao mundo.
O Egito por décadas foi conhecido pelas violações aos direitos humanos. O caso do brasileiro serve aos interesses do governo, que pode passar à comunidade internacional uma mensagem de que está defendendo a imagem do país e da população feminina, em particular na relação com turistas estrangeiros. A repercussão do episódio joga contra Sorrentino, na avaliação de fontes próximas ao caso.
Os três brasileiros que acompanhavam Sorrentino na viagem, Fernando Vasconcelos Conrado, Alexandre Schneider Macedo e Victor Everton Schaeffer da Rosa, não foram detidos. Em razão do ocorrido, eles decidiram antecipar a partida do Egito para esta terça-feira (1º).