
O chamado "risco Brasil", indicador econômico que sempre pautou as preocupações dos investidores estrangeiros no país, tem uma outra face desde que a nação se tornou um perigo para o mundo, por ser laboratório vivo de mutações de coronavírus em descontrole.
Com medo da proliferação de cepas do Sars-CoV-2, como a P.1, mais contagiosa e perigosa, os primeiros a voltar a se fechar foram os vizinhos. Em 1º de abril, a Bolívia fechou fronteiras com o Brasil, e o Chile e o Peru suspenderam a entrada de brasileiros.
O Uruguai, cujo presidente Luis Lacalle Pou adotou medidas de restrição principalmente devido à variante brasileira P.1 em 23 de março, decidiu estender as ações, inicialmente previstas para terminar na segunda-feira (12), até final de abril. Resultado: seguem suspensas aulas presenciais, shows públicos, e permanecerão fechados todos os órgãos públicos (exceto essenciais), academias e free shops. Estabelecer essa data para "proteger abril", como recomendam médicos, "não é um capricho", segundo ele.
Chama a atenção que medidas mais restritivas são tomadas pelos dois países que lideram o ranking da vacinação na América Latina - o Chile, com 62,96 doses para cem habitantes, mais do que os Estados Unidos, por exemplo, e o Uruguai, com 31,05 doses para cem habitantes.
Nesta terça-feira (13), outro país, dessa vez da Europa, decidiu elevar o alerta do risco Brasil. A França suspendeu até novo aviso todos os voos entre os dois países por causa de preocupações em torno da variante brasileira da covid-19.
- Constatamos que a situação está se agravando - disse o primeiro-ministro Jean Castex.
Ainda minoritária na França, a variante brasileira do novo coronavírus preocupa especialistas, e a oposição já vinha exigindo a suspensão das ligações aéreas com o Brasil. No caso francês chama atenção que a preocupação com o Brasil une polos diferentes do espectro político. Tanto a direita quanto a esquerda estão de acordo com as restrições ao país diante do agravamento da situação por aqui.
- O fechamento das fronteiras é útil e absolutamente necessário e não vejo como, num momento em que confinamos os franceses, ainda mantemos essa ligação aérea - disse à rádio RFI o líder da bancada do Les Républicains (oposição de direita) na Assembleia Nacional, Damien Abad.
À esquerda, o secretário nacional do Partido Comunista, Fabien Roussel, pleiteou na Cnews "medidas de fechamento de fronteiras ou de isolamento estrito" de viajantes, por exemplo, confiando-lhes "15 dias no hotel, como se faz em outros países".