Exemplo de país em desenvolvimento que imprimiu uma velocidade impressionante de vacinação contra a covid-19, o Chile chegou, no fim de semana, a mais da metade da sua população imunizada com ao menos uma dose.
Segundo o ranking da Universidade de Oxford, o país registra 9,65 milhões de pessoas tendo recebido a primeira injeção (50,45% doses por cem habitantes). Com relação à população totalmente imunizada - ou seja, que recebeu as duas doses -, o país registra 3,2 milhões de habitantes (17,40%), conforme os dados de outra universidade, Johns Hopkins.
Para efeitos de comparação, o Brasil, até este domingo, registra 8,24 doses por cem habitantes (ao menos uma dose), conforme Oxford. E apenas 1,92% da população recebeu as duas doses, segundo o ranking da Johns Hopkins.
Vários fatores explicam a aceleração chilena. O país desde a metade do ano passado negociou com vários laboratórios, que ainda não haviam confirmado a eficiência e segurança de seus produtos. O país também se beneficiou das relações bilaterais com grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos, sede da Pfizer, laboratório do qual comprou muitas toneladas de vacina. A logística chilena também facilita a distribuição dos produtos _ o que não chega de avião, é distribuído via terrestre por uma grande estrada que corta o país de Norte a Sul.
No entanto, o país que dá exemplo de vacinação eficiente é também um case de reflexão sobre como só a imunização não é suficiente para conter o coronavírus. Apesar do grande feito, internações e óbitos nas últimas semanas mostram uma realidade completamente diferente. No sábado (27), o país registrou 7.588 casos em 24 horas. No dia anterior havia sido o pico em semanas: 7.626. A cada dia, morrem em média cem pessoas _ uma morte a cada 15 minutos. Os hospitais estão lotados, e os profissionais de saúde, a exemplo do Brasil, no limite.
Os novos pacientes que entram em ventilação mecânica são cada vez mais jovens - provavelmente fenômeno provocado pelas novas variantes, como a P.1, do Amazonas. Ou, embora não comprovado, o fato de a imunização começar pelos mais idosos e pacientes com doenças subjacentes. O que fica claro, a partir do exemplo chileno, é que a vacina, embora fundamental, não é a única ferramenta para controlar a pandemia. É necessário que se continue com as medidas de contenção da pandemia - restrições, distanciamento, higiene.
Em tempo: outro país deve, nesta semana, superar a metade da população vacinada com ao menos uma dose. O Reino Unido registra neste domingo (28) 48,64 doses por cem habitantes. O país foi o primeiro do Ocidente a iniciar a imunização, em 8 de dezembro.