As primeiras manifestações da equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que investiga a origem do coronavírus, na China, infelizmente, abrem margem para quem acredita e, ao mesmo tempo, para quem duvida das teorias conspiratórias sobre o surgimento da covid-19.
É compreensível a obediência ao rigor científico e todo o cuidado que os pesquisadores estão tendo em não antecipar conclusões sem evidências técnicas - ainda mais sobre um tema extremamente politizado como esse. Mas respostas abertas ou lacônicas pouco contribuem para o esclarecimento da opinião pública mundial.
Ao afirmar que o sars-cov-2 não se originou no mercado de animais silvestres de Wuhan, como se pensava inicialmente (e como a China informou), os investigadores abrem margem para se pensar que (1), de fato, o regime, também como se pensava, mentiu ou ocultou algo sobre a gestão da covid-19 nos primeiros dias. E (2) ficam abertas todas as outras possibilidades, que alimentam as teorias conspiratórias - como um eventual acidente, que tenha feito o vírus "vazar" do Instituto de Virologia de Wuhan, ou mesmo uma "produção" e disseminação intencional por parte da China, como afirmam adeptos da hipótese de que o governo comunista teria maquinado a tragédia da pandemia para, depois, colher eventuais frutos (se é que existem) geopolíticos - hipótese tresloucada que já desmenti aqui.
Se por um lado a afirmação dos observadores da OMS alimentam, em parte, as teorias conspiratórias, por outro, as destroem (também em parte) quando dizem que é "extremamente improvável" a hipótese de um acidente em um laboratório, como pregava o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
- Não faz parte das hipóteses que sugerimos para estudos futuros - explicou Peter Ben Embarek, coordenador da equipe.
Em resumo: pouco se avançou até agora sobre a origem do coronavírus. E a própria OMS já havia alertado que seria necessário muita paciência para encontrar respostas. O mundo segue esperando respostas.