A cerimônia de posse dos presidentes dos Estados Unidos é chamada de Inauguration (Inauguração) e costuma obedecer a um cronograma de eventos que começa com o juramento do líder eleito nas escadarias do Capitólio e termina com bailes pela capital, Washington.
Obviamente, em razão da pandemia, alguns dos eventos que costumam marcar a posse foram alterados. Veja 10 pontos para prestar atenção durante a cerimônia, que começa às 12h (14h pelo horário de Brasília).
1 Sem fair play
Pela primeira vez em 150 anos, o presidente que deixa o poder não comparecerá à cerimônia. Donald Trump, que só admitiu a derrota para Joe Biden há duas semanas e tentou minar a transição, deve deixar a Casa Branca pela manhã, de helicóptero, rumo a sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida. Seu mandato termina oficialmente às 12h (14h em Brasília).
2 Os juramentos
Um dos pontos altos da cerimônia de posse é o momento em que o presidente e a vice fazem o juramento, com a mão sobre a Bíblia. Kamala Harris usará duas diferentes: uma que pertencia a sua tia Regina Shelton, a quem considera uma segunda mãe, e outra, que pertenceu a Thurgood Marshall, o primeiro juiz negro a servir na Suprema Corte dos EUA.
3 Segurança máxima
A posse ocorre exatamente duas semanas depois das cenas vergonhosas da invasão do Capitólio, no dia 6. Devido ao medo de que novas confusões provocadas por apoiadores de Trump possam ocorrer durante a posse, Washington está sob emergência, com cerca de 25 mil membros da Guarda Nacional a postos em locais estratégicos, além de policiais e serviço secreto.
4 Menos público
Devido à covid-19 e aos protocolos de segurança, o público será bem menor nos arredores da ala oeste do Capitólio, onde ocorre a posse, e ao longo do National Mall, a grande esplanada verde que liga o Congresso ao monumento em homenagem a Abraham Lincoln. Serão apenas mil convidados. Bem diferente de posses anteriores, quando mais de 200 mil pessoas compareceram.
5 O discurso
É o segundo momento mais importante da cerimônia. É quando o presidente, já empossado, se dirige à nação pela primeira vez. A fala é feita ali mesmo nas escadarias do Capitólio. O pronunciamento costuma misturar emoção, tons épicos, que resgatam os valores e a história americana, e as metas do governo que se inicia: combate à pandemia de covid-19, retomada da economia e união nacional devem ser ocupar o eixo central do discurso de Biden.
6 Hino nacional
A posse de Biden e Kamala irá retomar uma tradição de escolher grandes nomes do show business para interpretar o hino nacional. Na cerimônia de Barack Obama, em 2009, a escolhida foi Aretha Franklin. Quatro anos depois, foi a vez de Beyoncé. Nesta quarta-feira (20), o hino será entoado por Lady Gaga. Trump, em sua inauguration, em 2017, escolheu o ex-participante do reality show "America Got Talent" Jackie Evancho.
7 O desfile
Tradicionalmente, encerrada a cerimônia no Capitólio, o presidente e a primeira-dama costumam desfilar de carro com escolta pela Avenida Pensilvânia, que termina na Casa Branca. Em 2009, Obama e Michelle quebraram o protocolo e desceram do veículo para caminhar pela via e acenar à multidão. Neste ano, o trajeto deve ser percorrido de forma mais rápida, para evitar aglomerações de pessoas em razão da covid-19.
8 Sem baile
Também em razão da pandemia, os tradicionais bailes que ocorrem em diferentes regiões de Washington na noite da posse foram cancelados. No lugar, será exibido um programa especial nas principais emissoras de TV. Apresentado por Tom Hanks, o "Celebrando a América" terá shows de artistas como Jon Bon Jovi, Justin Timberlake e outros. Biden e Kamala deverão discursar.
9 Nova era
Do ponto de vista político, Biden e Kamala inauguram uma nova era nos Estados Unidos com grandes desafios domésticos e de política externa. A campanha política dividiu o país, e Trump e seus apoiadores se encarregaram de radicalizar discursos e ações nos últimos meses, ao não reconhecer a vitória da chapa democrata e lançar dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral. A invasão do Congresso foi o ápice de quatro anos em que Trump minou, por dentro, a democracia americana. Ex-vice de Obama, Biden representa, de certa forma, o retorno ao establishment ou à política normal, depois de quatro anos de uma estratégia nacionalista e que, no campo externo, retirou os EUA de alguns dos principais arranjos internacionais.
10 Fim de papo
Ainda que deixe o poder nesta quarta-feira (20), Trump seguirá sendo uma figura pública - e, tudo indica, política. Mesmo que tenha perdido a eleição, conquistou mais de 70 milhões de votos. Muitos caciques do Partido Republicano se afastaram do presidente depois do episódio no Capitólio, mas a legenda segue sem opções de novos nomes nacionais. De certa forma, o partido é refém do trumpismo. Será interessante observar Trump como ex-presidente. Apegado ao poder, provavelmente começará já no minuto seguinte em que deixar a Casa Branca a construir seu retorno em 2024 - isso se não tiver cassado pelo Congresso o direito de concorrer, porque o processo de impeachment continuará mesmo com o republicano fora da presidência.