Depois da União Europeia (UE), a Austrália está apertando o cerco ao Facebook e ao Google em relação à maneira como as empresas se aproveitam da credibilidade das notícias produzidas por veículos de comunicação, como jornais, sites de jornalismo, emissoras de TV e rádio, para gerar tráfego e garantir publicidade, sem pagar pelos conteúdos. Um projeto de lei ainda mais duro do que a diretriz europeia estabelece que os meios de comunicação podem negociar individual ou coletivamente com as duas gigantes de tecnologia.
A proposta também exige que as empresas avisem os meios de comunicação quando alterarem os algoritmos de pesquisa de forma que afetem a ordem em que o conteúdo aparece.
Nos últimos anos, as companhias jornalísticas têm pressionado autoridades por mudanças no modelo utilizado por Google e Facebook, duopólio que drena quase toda a publicidade digital mundial sem pagar por direitos autorais. Na Austrália, para cada 100 dólares australianos gastos em publicidade online, quase um terço vai para as duas empresas. No país, o movimento de reação ao Facebook e ao Google tem sido liderado pela News Corp (do império Robert Murdoch), que defende a regulamentação do ecossistema, alegando que as empresas de tecnologia têm contribuído para a formação dos chamados "desertos de notícias" - regiões onde não há mais veículos de comunicação independentes e profissionais produzindo informação local.
O Facebook acusou o golpe. Disse que irá bloquear, na Austrália, o compartilhamento de notícias em suas plataformas, se o projeto de lei for a provado. Caso a ameaça se concretize, notícias locais, nacionais ou internacionais de qualquer tipo, produzidas por veículos jornalísticos, deixariam de ser compartilhadas na rede no país: "É a única forma de se proteger contra uma consequência que desafia a lógica", diz a empresa americana.
Além da pressão por uma regulação na área de compartilhamento de notícias produzidas por terceiros, sem pagar por elas, o Facebook em particular enfrenta uma série de suspeitas que envolvem falta de controle sobre sua plataforma, investigações por permitir disseminação de fake news e discursos de ódio e concorrência desleal. Um dos episódios mais recentes que expôs o descontrole da empresa de Zuckerberg sobre sua própria plataforma ocorreu no Brasil, onde, na quinta-feira (27), cenas pornográficas foram exibidas no lugar de posts de notícias e produtos de empresas de comunicação e de comércio. No caso, o Facebook reconheceu o erro e afirmou que se tratou de uma falha no carregamento das imagens. As imagens, segundo a empresa, foram retiradas.