Enquanto no Rio Grande do Sul, o governo debate o cronograma de volta às aulas presenciais, na Europa e nos Estados Unidos, autoridades da educação, pais, professores e estudantes enfrentam dilema semelhante.
No Velho Continente, a França encara nesta terça-feira (1º) o dia D do retorno dos cerca de 13 milhões de alunos às escolas. Itália, um dos epicentros da covid-19 em março, retoma as aulas presenciais no dia 14. Portugal prevê o recomeço nas próximas duas semanas.
O Reino Unido, onde o primeiro-ministro Boris Johnson transformou a volta às aulas em seu cavalo de batalha, não encontrou uma fórmula comum de regresso: na Escócia, o ensino foi retomado em agosto, mas na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte há cronogramas e regras de controle diferenciadas para cada território.
A onda de recomeços em setembro (início do outono no Hemisfério Norte) é marcado por outro fenômeno: o aumento dos contágios, que dispararam em Espanha, França, Itália e Alemanha durante as férias de verão. Para tentar frear as infecções, as autoridades anunciaram novas regras sanitárias, como o uso generalizado de máscaras ou o limite de pessoas em reuniões sociais.
Equilibrar o retorno seguro de milhares de estudantes e medidas de proteção rígidas, para evitar novos fechamentos - que teriam impacto ainda maior na educação, devido à falta de continuidade - é desafio na maioria dos países. Veja como alguns estão lidando com o tema.
França - Todas as escolas devem reabrir nesta terça-feira (1º), com comparecimento obrigatório para cerca de 13 milhões de alunos. Apenas algumas instituições em regiões onde há surtos epidêmicos permanecerão fechadas. Máscaras são obrigatórias durante todo o período para professores, funcionários e estudantes maiores de 11 anos. Quando as escolas reabriram, pela primeira vez, em maio cabia aos pais decidir se mandariam os filhos de volta ou não. Mas agora o país voltará à norma da escolaridade obrigatória para todos. Quem quiser continuar com as aulas em casa deverá passar por um processo de registro junto às autoridades locais.
Itália - Nação mais atingida quando o coronavírus chegou à Europa, em março, o país deve retomar as aulas presenciais no próximo dia 14. Foram dois meses de estudos para que se chegasse a um plano de retomada. Haverá uma divisão dos alunos em grupos por faixa etária. Também haverá medição diária de temperatura - quem estiver acima de 37,5º não poderá ingressar. Professores e crianças com idade superiores a seis anos terão de usar máscara o tempo todo. Locais de entrada e saída das escolas serão diferentes.
Portugal - As aulas vão recomeçar entre os dias 14 e 17 de setembro. Cada grupo de alunos deverá ter horários e espaços de circulação diferenciados - para entrada, intervalo e saída - com o objetivo de evitar aglomerações. As autoridades recomendam que haja distanciamento entre as classes - quando não for possível devido ao tamanho das salas, as escolas devem dividir as turmas em grupos.
Espanha - Também reabre nas primeiras semanas de setembro - as datas variam conforme a região e o nível escolar. As instituições trabalham com a ideia de limite de 25 alunos para cada 50 metros quadrados. Alunos com mais de seis anos terão de usar máscaras.
Alemanha - Já retomou as aulas. Em alguns Estados, os alunos foram divididos em grupos fixos com várias turmas, que não devem se encontrar nas dependências da escola. As máscaras são obrigatórias em áreas comuns, mas não necessariamente dentro das salas de aula. Não há obrigatoriedade de se manter o distanciamento mínimo de um metro meio entre as mesas.
Dinamarca - Foi um dos primeiros países europeus a retomar as aulas. As turmas são menores do que o habitual e há mais professores, com mistura de aulas presenciais e online.
Reino Unido - Cada um dos territórios decidiu por um tipo de cronograma de reabertura. Na Escócia, as aulas presenciais foram retomadas no dia 4 de agosto sem obrigação geral de distanciamento social entre alunos. Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte devem reabrir nos próximos dias. O governo do primeiro-ministro Boris Johnson tem feito campanha pela reabertura, afirmando que se trata de um "dever moral" e que ficar sem estudar é mais prejudicial do que retornar neste momento em que o coronavírus ainda é uma ameaça. Cada escola decide o calendário. O governo também entende que compete aos pais a decisão de levar ou não os filhos aos colégios. Máscaras não são obrigatórias. Está previsto que cada centro deverá ter ocupado de apenas 50% de sua capacidade.
Estados Unidos - No país, a decisão cabe a cada Estado, embora haja pressão por parte do governo federal pela retomada. Tennessee, Geórgia, Kentucky, Indiana e Mississipi voltaram antes. As regras também variam conforme a região: na Geórgia, o uso de máscaras, por exemplo, não é obrigatório. Em Nova York, que tem o maior número de estudantes em ensino público, o modelo é híbrido, com aulas presenciais e virtuais. O retorno na metrópole deve ocorrer em setembro. Mas em milhares de regiões ainda há debate sobre abrir por completo ou reduzir a frequência pela metade. Algumas escolas já decidiram que não voltarão às aulas presenciais até janeiro. Os EUA são o país com maior número de casos e de mortes por covid-19.