Depois de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma leva de Estados americanos se levantou contra a Casa Branca em apoio aos estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, atingidos por uma medida do governo Donald Trump que pode culminar na expulsão dos alunos do país.
Conforme mostrou a coluna no dia 9, alunos que não estiverem matriculados em pelo menos uma disciplina presencial no novo ano letivo terão o visto suspenso e precisarão deixar o país - quem está fora, em férias ou em seus países de origem devido à pandemia de coronavírus, não poderão retornar. A decisão atinge pelo menos 16 mil estudantes brasileiros nos Estados Unidos - no total, são cerca de 300 mil alunos de vários países.
Harvard e o MIT ingressaram na Justiça contra a decisão de Trump. A primeira audiência foi realizada na sexta-feira (10), mas a decisão liminar só deve ser anunciada esta semana. Nos últimos dias, procuradores-gerais de 17 Estados, além do Distrito Federal, também acionaram na Justiça a Casa Branca: "O governo nem sequer tentou explicar as bases para esta norma sem sentido, que obriga as instituições a escolher entre manter seus alunos internacionais matriculados ou proteger a saúde em seus campi", questionou a procuradora-geral de Massachusetts, Maura Healey.
Além dos Estados, outras universidades também movimentam seus departamentos jurídicos para tentar bloquear a medida. Um dos argumentos possíveis é a mudança nas regras de visto de forma arbitrária.
O novo ano letivo começa em agosto e a decisão de Trump deixa os estudantes em meio à incertezas. Na prática, a medida é uma tentativa do governo de forçar as universidades a voltarem a operar normalmente. Aparentar normalidade na economia é uma das estratégias de Trump na campanha eleitoral, cujos números recordes de emprego e lucros empresariais eram seu grande trunfo antes da covid-19. A pandemia mudou o cenário.