Não é só na Europa que a preservação da Amazônia aparece como preocupação para acordos comerciais ou negócios com o Brasil - e, em bloco, com o Mercosul.
Na China, principal comprador de soja brasileira, o jornal South China Morning Post, do Grupo Alibaba, gigante de tecnologia fundada por Jack Ma, publicou no domingo (14) uma grande reportagem questionando as importações e os investimentos do país asiático na agropecuária brasileira e seu “efeito potencialmente devastador” para a floresta (leia a reportagem na íntegra aqui, em inglês).
Intitulado “Na Amazônia brasileira, a China é comprador, negociante, credor, construtor - com efeitos potencialmente devastadores”, o texto, assinado por Melissa Chan e Heriberto Araújo, afirma que, na bacia amazônica, “a China procura satisfazer sua fome insaciável, incentivando os garimpeiros brasileiros a abrirem território à agricultura e à criação de gado”.
O jornal dá, ao mesmo tempo, uma alfinetada no governo federal e no regime comunista chinês. A reportagem destaca que “a crescente dependência de Pequim do suprimento de soja brasileiro é um desastre para os povos da região e sua floresta tropical”.
"O futuro ambiental deste pedaço do planeta - aproximadamente metade do tamanho dos Estados Unidos - depende da administração da longínqua China e dos caprichos da política brasileira", diz a reportagem.
A pandemia tem influenciado o preço do produto, que tem caído. A China importa soja para triturá-la em farelo para alimentar o setor pecuário e para o preparo de óleo de cozinha. Além de comprar do Brasil, o gigante asiático é também grande importadora do produto americano. Em anos anteriores, em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, Pequim intensificou a compra de soja brasileira em substituição à americana. Em 2020, porém, com um acordo fechado entre as duas nações, os asiáticos se comprometeram em incrementar o volume de exportação dos americanos nos próximos dois anos.