O pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que adiou de terça-feira (7) para a manhã desta quarta-feira (8) sua declaração sobre o ataque do Irã contra as duas bases americanas no Iraque – Al-Assad e Erbil –, servirá de termômetro para que o Oriente Médio e o mundo entendam os próximos passos da crise.
Há dois caminhos possíveis – e contraditórios. O primeiro aponta para uma distensão da crise uma vez que, com a vingança iraniana, os aiatolás deram uma resposta ao clamor interno por reação após a morte do general Qassem Soleimani, no ataque de sexta-feira (3). Também acredita-se que o uso dos foguetes foi milimetricamente planejado para provocar apenas danos materiais – não se tem informações sobre mortos, mas acredita-se que os artefatos podem ter caído sobre uma área não habitada da base de Al-Assad.
Uma manifestação do chanceler iraniano, Mohammad Zarif, pelo Twitter, na noite de terça, aponta para uma tentativa de colocar panos quentes na situação. Passa a ideia de que Teerã considera a morte do general Soleimani vingada diante das "represálias proporcionais", nas palavras do governo. O argumento de Zarif é de que o país tomou medidas de defesa previstas no artigo 51 da Carta das Nações Unidas. O Irã não quer guerra, porque sabe que sairá devastado diante da maior potência militar do planeta — e a troca de regime seria o primeiro passo.
Já Trump, como irá reagir? Vai depender da avaliação que o Pentágono está fazendo da ofensiva de terça-feira. Se houver mortos americanos nos escombros das bases, é provável nova retaliação. Se não houver baixas e contabilizar-se apenas danos materiais, o governo americano pode concluir que saiu vitorioso da crise: eliminou um alto oficial iraniano a um custo baixo. Em campanha pela reeleição, Trump também não quer guerra: seu discurso para eleitores sempre foi isolacionista, no sentido de que problemas do Oriente Médio devem ser resolvidos pelos países da região.
Em lados opostos, o que veremos nas próximas horas são ou o degelo da tensão ou o escalonamento da crise.