"A Amazônia é um problema mundial". Com essa declaração, na quinta-feira (3), o papa Francisco deu o tom do sínodo que começa neste domingo (6) e vai até 27 de outubro no Vaticano. A ideia é discutir novas formas de evangelização. O encontro dos bispos foi convocado em 2017, muito antes de os incêndios na Amazônia virarem assunto internacional este ano. Veja seis curiosidades sobre o evento:
1) O que significa sínodo?
Etimologicamente, a palavra “sínodo” deriva dos termos gregos “syn” (que significa com, em conjunto) y “odos” (que significa caminho), expressando a ideia de caminhar juntos. O sínodo dos bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de bispos que representa o episcopado de todo o mundo e tem como tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja, com o seu conselho, para procurar soluções pastorais que tenham validade e aplicação universal.
2) Quando foi criado?
Mais de 40 anos depois da sua criação, por Paulo VI (15.09.1965), a experiência sinodal caminha para a sua XII assembleia ordinária, a que se junta duas assembleias extraordinárias e oito especiais. A continuidade é garantida pelas normas contidas na Carta Apostólica “Apostolica sollicitudo” e pelo “Ordo Synodi”, promulgados em 1965 por Paulo VI e parcialmente revistos por João Paulo II.
Esta instituição permanente nasceu como resposta aos anseios dos padres do Concílio Vaticano II, como forma de manter vivo o espírito de colegialidade nascido na experiência conciliar. Ainda arcebispo de Milão, Paulo VI foi um dos principais motores da ideia de uma “contínua colaboração do episcopado”. Já como Papa, no discurso inaugural da última sessão do Concílio, em 1965, tornou pública a sua intenção de instituir o sínodo dos bispos.
3) Quem convoca?
O sínodo reúne-se e atua apenas quando o Papa considera necessário e oportuno consultar o episcopado. A finalidade de cada assembleia é a de viver uma experiência de colegialidade entre o episcopado e o Papa. Este, ao aceitar as sugestões ou conclusões de determinada assembleia, permite que os bispos exerçam uma atividade colegial que se aproxima, sem coincidir, com a de um concílio ecumênico.
4) O que ocorre depois do sínodo?
Após a realização do sínodo, é prerrogativa do Papa decidir se pública ou não uma exortação apostólica a partir das reflexões. Depois da última edição de um sínodo, de 3 a 28 de outubro de 2018, em Roma, cujo tema foi “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, o Papa publicou a exortação apostólica “Christus Vivit” dirigida aos jovens e à Igreja no mundo.
5) Por que os bispos vão analisar a Amazônia?
A Assembleia foi convocada pelo Papa Francisco em outubro de 2017, terá como tema “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” e examinará questões importantes para “cada pessoa que habita neste planeta”, como afirma o Papa.
O objetivo principal será identificar novos caminhos para a evangelização na região, com olhar especial para os indígenas.
6) Quem participa?
Participarão do sínodo bispos de nove países que integram a Pan-amazônia. O Brasil terá a maior delegação entre os participantes, sendo 58 bispos da região amazônica, além de outros nomes na cúpula, o cardeal gaúcho dom Claudio Hummes, relator geral do sínodo.
O Pontífice convidou cientistas, nomes ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), representantes de igrejas evangélicas, de ONGs e povos indígenas A previsão é de mais de 250 participantes. De junho 2018 a abril deste ano, foram realizadas, nos nove países que integram a região Pan-Amazônica (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname), uma série de atividades como parte do processo de escutas pré-sinodais coordenado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).
A escuta ouviu os povos amazônicos e da floresta (indígenas, ribeirinhos, quilombolas, etc). Ao todo foram realizadas 57 assembleias, 21 fóruns nacionais, 17 fóruns temáticos e 179 rodas de conversa. No Brasil, foram realizadas 182 atividades. Como fruto desta escuta, a secretaria-executiva do Sínodo elaborou o Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho) do Sínodo Amazônico, material a ser estudado pelos bispos como preparação ao evento. O documento pode ser acessado aqui
Fonte: Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre