A íntegra da transcrição da conversa de 30 minutos (entre 9h3min e 9h33min) de 25 de julho de 2019 entre Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, mais condena do que inocenta o americano.
O texto reforça as suspeitas que recaem sobre ele de quebra da Constituição (motivo alegado pelos democratas para abrir processo de impeachment) porque fica explícito o pedido de favor ao colega ucraniano para que investigue as atividades de Joe Biden no país.
Mais especificamente, Trump quer saber sobre os esforços que Biden teria levado a cabo para interromper uma investigação sobre o filho, Hunter Biden. O pedido aparece na quinta intervenção do americano na conversa, bem próximo do início.
— Outra coisa, fala-se muito sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a acusação e muitas pessoas querem descobrir sobre isso, então o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo. Biden se gabou de ter parado a acusação, então se você puder investigar... Parece horrível para mim.
Vice-presidente de Barack Obama, Biden é o principal adversário democrata de Trump nas eleições do ano que vem e aparece em primeiro nas pesquisas. Seu filho integra o conselho de uma empresa de gás ucraniana.
O que não está na transcrição é o pedido de contrapartida, que o delator de Trump afirma existir. Segundo a primeira versão apresentada pelo acusador e que motivaria os democratas a pedir o impeachment, na conversa o presidente americano solicita a Zelenski a investigação sobre o filho de Biden em troca de liberar a ajuda de US$ 400 milhões que os americanos dariam ao governo da Ucrânia. Isso não aparece no telefonema, segundo a transcrição. Entretanto, são claras as referências que Trump faz sobre a ajuda, reiterando apoio americano ao país. O governo da Ucrânia, vale lembrar, está em guerra com rebeldes apoiados pela Rússia no norte do país. O dinheiro americano, liberado no dia 11 de setembro (depois da ligação, portanto), seria usado para compra de armas pelo governo.
Veja a íntegra (em inglês) dos documentos com a transcrição oficial liberada pela Casa Branca. Os textos trazem o termo unclassified (desclassificado), uma vez que, ao serem tornados públicos, não são mais, obviamente, tratados como sigilosos dentro do governo.