Reação direta aos atentados de 11 de setembro de 2001, o conflito iniciado pelos americanos no Afeganistão é prova cabal de que começar uma guerra é fácil — o difícil é terminá-la.
A chuva de bombas sobre posições da milícia Talibã desbancou os extremistas que comandavam 95% do país, desentocou parte dos terroristas da rede Al-Qaeda, seus protegidos, e entronou no poder em Cabul a oposição, formada pela Aliança do Norte. Em poucas semanas, a Operação Liberdade Duradoura era um sucesso a ponto de o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aparecer a bordo de um porta-aviões comemorando o fim dos principais combates.
A guerra, como se sabe, estaria longe do fim. Osama bin Laden, o arquiteto do terror que se abateu sobre Nova York e Washington, só foi morto 10 anos depois. Mesmo hoje, 18 anos depois do 11 de Setembro e do início dos bombardeios, como mostra o gráfico abaixo, o número de mortos entre a população civil é muito alto. Foram 1,3 mil até junho deste ano. Em 2018, chegou a 3,8 mil, mais do que no auge dos bombardeios, em 2001.
Os EUA vivem um dilema. Tanto Barack Obama quanto Donald Trump tentaram reduzir o número de militares no Afeganistão. Mas, a cada início de retirada, o Talibã recobra forças. Antes restrito às áreas tribais e a seu berço, Kandahar, hoje a milícia já retomou importantes áreas do país e ameaça a frágil estrutura do governo. Na terça-feira (10), os talibãs advertiram que os combates prosseguirão no Afeganistão se o governo americano abandonar as negociações sobre uma retirada de suas tropas. Estima-se que o grupo arrecade até US$ 1,5 bilhão por ano. Parte proveniente do tráfico de drogas (ópio).