Nesses 18 anos desde aquela manhã de 11 de setembro de 2001 em que o mundo prendeu a respiração olhando para as torres fumegantes do World Trade Center, para o rombo no Pentágono e para clarão aberto em um descampado da Pensilvânia, a chamada era do terror não pode ser considerada um período único em que o extremismo produziu efeitos em massa, com mortes aos milhares e a espetacularização da morte transmitida ao vivo. Há nuances.
Os atentados aos Estados Unidos, a primeira vez que a superpotência foi atacada em seu território continental, foram os primeiros atos de uma série de ataques a multidões, que exigiam megaorganização de seus patrocinadores, com custos elevadíssimos e com logística complexa de grupos como a rede Al-Qaeda. Após Nova York e Washington, o horror se abateu sobre Madri e Londres da mesma forma: mirando o sistema de transporte. Nos Estados Unidos, eram os aviões, na Espanha, os trens, em Londres, os ônibus e o metrô,.
A resposta do Ocidente à ameaça terrorista, com a invasão do Afeganistão e a prorrogação da guerra para o Iraque com o argumento falacioso das armas de destruição em massa nunca encontradas no país de Saddam Hussein, deram origem a outra organização, inexistente naquele longínquo 11 de Setembro. O Estado Islâmico passou a ser mais temido do que a Al-Qaeda.
Com Osama bin Laden eliminado no Paquistão e o polo da guerra alterado para o Iraque, o modus operandi dos extremistas mudou nesses 18 anos: não são mais atentados em massa, para as câmeras de TV, como Nova York, Washington, Londres e Madri. A tecnologia, a sociedade em rede e a globalização facilitaram a ação de lobos solitários: em qualquer lugar do mundo, uma pessoa na frente de um computador ou pelo smartphone e identificada como uma ideologia passou a ter acesso a cartilhas do terror. Da ação individual vieram os atropelamentos em calçadas ou avenidas fechadas ao trânsito em Nice, Berlim, Londres, Barcelona e outras cidades. É mais fácil, mais barato. Não produz tantos mortos, mas cumpre, da mesma forma, seu papel original: provocar o medo. Em qualquer lugar, a qualquer hora.