As trocas de mensagens divulgadas pelo site The Intercep que revelam articulação entre o então juiz Sergio Moro e integrantes do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava-Jato repercutem, nesta segunda-feira (10), em alguns dos principais veículos de comunicação internacionais.
De forma geral, os sites de notícias estrangeiros apresentam títulos e chamadas de capa apontando uma ação organizada para impedir a tentativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer à eleição no ano passado.
Na América Latina, os argentinos La Nacion e Clarín destacam o vazamento em sua home: "Denunciam que Sergio Moro atuou para prejudicar Lula", diz o La Nacion".
O Clarín afirma: "Vazam mensagens entre Moro e procuradores e questionam a imparcialidade da causa da Lava-Jato contra Lula".
Nos Estados Unidos, The Washington Post repercute a fala de Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, que protestou contra os vazamentos: "O ministro da Justiça do Brasil lamentou no domingo o que chamou de "invasão criminosa" dos telefones de vários procuradores", afirma o jornal.
A agência Bloomberg, especializada em temas econômicos, busca na reportagem intitulada "Mensagens vazadas de 'hacker' divulgadas em caso de corrupção brasileira" fazer uma primeira análise do impacto dos vazamentos no mercado financeiro.
"As revelações aconteceram em um momento delicado para o presidente, que está tentando reunir apoio político para aprovar uma revisão controversa do sistema previdenciário no Congresso.", diz a Bloomberg.
Do outro lado do Oceano Atlântico, jornais europeus também ecoam o caso. No português Diário de Notícias, o vazamento aparece na capa do site com o título: "Moro combinou estratégias com Ministério Público contra Lula".
"Conversas divulgadas pelo site The Intercept expõe que o ex-juiz combinou troca de ordem de fases da Lava-Jato, exigiu realização de novas operações, deu conselhos e pistas e antecipou uma decisão judicial aos procuradores", afirma o jornal de Lisboa.
Na França, o Libération traz o seguinte título: "Brasil: magistrados supostamente conspiraram para impedir o retorno de Lula".
O também francês Le Monde informa: "segundo o "Intercept", a investigação anticorrupção de Lula visava impedir seu retorno ao poder".
O madrilenho El País destaca no título: "Uma investigação jornalística põe em dúvida a imparcialidade da operação Lava-Jato".
A rede árabe Al-Jazeera, com sede no Catar, também repercutiu o caso: "Os principais procuradores do Brasil supostamente conspiraram para condenar Lula e impedir que seu partido vencesse as eleições de 2018", diz o texto da emissora.