Nem Osama bin Laden, o falecido líder da rede Al-Qaeda, nem Abu Bakr al-Baghdadi, comandante do Estado Islâmico e provavelmente o homem mais caçado do mundo.
O nome que está circulando nas redes de inteligência como a nova cara do terrorismo internacional chama-se Zahran Hashim, um líder religioso muçulmano que chefiaria o National Thowheeth Jama'ath (NTJ), apontado como responsável pela execução dos atentados contra as igrejas cristãs no domingo de Páscoa no Sri Lanka.
Hashim e o NTJ eram pouco conhecidos fora das fronteiras do país asiático até a série de ataques cujo número de mortos não para de subir. Já são contabilizadas 350 vítimas fatais, uma das maiores carnificinas da década.
No vídeo divulgado pelo Estado Islâmico, no qual a organização assume a autoria do massacre, Hashim é o único dos oito homens que aparece com o rosto descoberto. Tem uma faixa preta na testa e segura um fuzil. Os demais têm a cabeça coberta por lenços. Todos vestem túnicas pretas. Nas falas, juram lealdade a Al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico. Em outro trecho, os homens se dão as mãos, com Hashim ao centro.
O vídeo é a prova cabal da relação entre o NTJ e o EI, que parece ter mudado de tática. Passou a atacar em regiões distantes do Oriente Médio e da Europa.
Não é de hoje que redes extremistas globais buscam grupelhos fora dos grandes centros para se aliar. A Al-Qaeda de Bin Laden fazia isso antes dos atentados de 11 de setembro de 2001, formando uma verdadeira franquia do terror.
Sobre a carnificina do domingo de Páscoa, é tão certo que o NTJ não teria capacidade de arquitetar as explosões simultâneas como apenas Al-Qaeda e EI dispõem de algum nível de organização para tais empreitadas. Atentados quase ao mesmo tempo são características dessas duas organizações — um dos primeiros feitos de Bin Laden foram os atentados de 1998 contra as embaixadas americanas em dois países diferentes, Quênia e Tanzânia, com minutos de intervalo.
Hashim ainda é peixe pequeno no mundo do terror. Mas tem se destacado por conta de vídeos em redes obscuras nos quais costuma aparecer fazendo pronunciamentos vociferando contra o Ocidente e os cristãos. Seu modus operandi verbal é conhecido, semelhante a outros líderes extremistas que costumam sequestrar o islamismo por meio de ideologias radicais: passou a usar escolas corânicas para cooptar jovens para a jihad sob o disfarce de que estaria ensinando o Corão. Na mesquita de Thowheeth, por exemplo, chegou a desafiar muçulmanos moderados, ameaçando-os de morte com uma espada.
Hashim também é conhecido como Mohamed Zahran e Mulavi Hashim, tem cerca de 40 anos e nasceu na região costeira, onde fica a cidade de Batticaloa. O único dos ataques de domingo fora da região de Colombo, a capital do Sri Lanka, foi em Batticaloa.