O mundo espera mais do que boas intenções como resultado da segunda reunião de cúpula entre Donald Trump e Kim Jong-un, que, desde esta quarta-feira (27), ocorre no Vietnã. A primeira, oito meses atrás, em Singapura, teve fotos curiosas e caráter inédito. Sobraram palavras amistosas e sorrisos. Mas houve pouca ou nenhuma conclusão prática.
Ok, podemos imaginar que foi um quebra-gelo de líderes que havia meses se atacavam publicamente. O simples apertar de mãos já era uma vitória.
A Casa Branca faz mistério ao dizer que um acordo será assinado nesta quinta-feira (28), sem revelar o teor. Fala-se que o ditador pode aceitar a visita de inspetores internacionais a suas instalações nucleares em troca do restabelecimento de relações diplomáticas. Outra conquista seria a assinatura de um tratado de paz que coloque fim oficialmente à Guerra da Coreia (1950-1953). O Sul e o Norte estão tecnicamente em conflito ainda hoje porque nunca houve acordo de paz, apenas um armistício.
Nesse sentido, Hanói, local do encontro, seria o palco perfeito para colocar o 28 de fevereiro de 2019 na História. Trata-se da capital do país unificado sob o regime comunista depois da Guerra do Vietnã. Como a Península Coreana hoje, a nação do Sudeste Asiático era dividida entre o Sul (capitalista) e o Norte (comunista).
Para os Estados Unidos, o Vietnã é, hoje, modelo do que pode ser a Coreia do Norte no futuro: um híbrido de Estado comunista e país capitalista, o chamado “capitalismo de Estado”, inspirado no modelo chinês. Não espera-se que os norte-coreanos escancarem suas portas à sociedade de consumo de uma hora para outra. A abertura, se ocorrer, será uma transição lenta como a do Vietnã, que vive sob regime de partido único, venera o homem que colocou a potência americana de joelhos (Ho Chi Minh), e censura a imprensa. Mas é também uma nação com polos de excelência tecnológica orientada para exportação que alavancoaram crescimentos nas ordem de entre 5% e 8% desde 2010.
A presença de Trump no país no qual os americanos viveram alguns de seus piores pesadelos é simbólica. Exorciza fantasmas. Mas só símbolos já não suficientes na questão coreana.
É hora da ação.