O telão que exibiu os nomes de políticos conservadores mundo afora provocou vaias e aplausos durante o show de Roger Waters, ex-líder do Pink Floyd, na terça-feira, no Allianz Parque, em São Paulo.
Além do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foram mostrados outros sete políticos sob o título "Neo-fascism is on the rise" (Neofascismo está em ascensão).
Veja quem são.
EUA - Trump
O conhecido presidente dos Estados Unidos foi eleito em novembro de 2016, derrotando, no colégio eleitoral, Hillary Clinton, a rival do Partido Democrata. Desde a posse, milionário tem seguido à risca seu plano de governo, lastreado pelo slogan "America first", que pressupõe isolacionismo dos EUA em relação ao resto do mundo.
Entre os vários acordos firmados pelos EUA, Donald Trump se retirou do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, do Tratado Transpacífico (o maior tratado comercial do mundo), do Acordo de Paris sobre o clima e do Acordo Nuclear com o Irã, entre outros. Proibiu a entrada de viajantes de sete países: Iraque, Iêmen, Irã, Síria, Líbia, Somália e Sudão e provocou polêmica ao ordenar medida que separou filhos e pais migrantes ilegais que tentavam entrar nos EUA.
Os EUA da era Trump vivem uma guerra comercial com a China. O presidente comunica-se com os cidadãos pelo Twitter e costuma chamar de "fake news" notícias verdadeiras, com as quais não concorda. Trata a imprensa profissional e grandes veículos de comunicação como inimigos. Ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada americana para Tel-Aviv, reacendeu as tensões no Oriente Médio. Em seu governo, a economia cresceu, o desemprego segue baixo. No campo internacional, um de seus trunfos foi o encontro com Kim Jong-un e uma promessa de diálogo na Península Coreana.
Hungria - Orban
Viktor Orban é primeiro-ministro da Hungria desde 2010. Pertence ao partido de centro-direita Fidesz - União Cívica Húngara. Recentemente, instaurou uma polêmica medida que exclui os estudos de gênero da lista de diplomas oficiais do país. Em resposta, o parlamento Europeu votou, em 12 de setembro, o artigo 7.º do Tratado do bloco, que pode punir o país por supostos ataques ao Estado de Direito.
A lista de acusações contra o regime é extensa: censura à imprensa e à academia; nepotismo e corrupção; perseguição a minorias (ciganos, judeus, LGBT) e a refugiados, negação de direitos econômicos e sociais e vários problemas no funcionamento do sistema constitucional.
França - Le Pen
O sobrenome Le Pen é o mais conhecido da extrema-direita na França. Primeiro, foi Jean-Marie Le Pen, histórico líder da Frente Nacional, tradicional partido nacionalista do país. É famoso por defender políticas radicais visando diminuir a violência e o desemprego na França, entre elas a volta da pena de morte, restrições à entrada de imigrantes na França e maior autonomia em relação à União Europeia.
Ele costuma dizer que a maior parte dos políticos e da imprensa franceses são corruptos. Foi cinco vezes candidato à presidência da França e, em 2002, passou para o segundo turno das eleições presidenciais, tendo perdido nas urnas para Jacques Chirac. Um dos absurdos que falou foi chamar as câmaras de gás de "um detalhe da história da II Guerra Mundial".
Sua filha, Marine Le Pen, é sua herdeira política. Tem se apresentado mais tolerante do que o pai como estratégia política. Mas, de tempos, desfere arroubos polêmicos. Chegou a comparar a ocupação nazista às rezas dos muçulmanos nas ruas, por falta de locais de oração. Ela foi candidata à presidência em 2012 e em 2017. Na segunda tentativa, chegou ao segundo turno, mas perdeu para o candidato de centro e atual presidente Emmanuel Macron.
Áustria - Kurz
Sebastian Kurz é um jovem político conservador, atual chanceler (primeiro-ministro) da Áustria. Líder do Partido Popular, é polêmico por suas declarações: "Schwarz macht geil" ("preto excita" — em alusão à cor do partido) é uma de suas mais conhecidas.
Como ministro das Relações Exteriores, liderou o movimento pelo fechamento da rota dos Bálcãs, usada por refugiados que tentavam ingressar na União Eruopeia a partir do Oriente Médio. Defende o fim das negociações de adesão da Turquia ao bloco econômico e propõe que migrantes sejam alocados em acampamentos fora do continente europeu.
Como ministro da Integração Social, Kurz lançou uma reforma das normas islâmicas na Áustria e vetou o uso de véus que cobrem o rosto das mulheres muçulmanas. No governo, provocou indignação ao decidir fechar sete mesquitas e expulsar 60 imãs como parte de sua campanha contra "radicalização e terrorismo".
Reino Unido - Farage
É um político britânico e um dos principais rostos do Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. É ex-líder do Partido de Independência do Reino Unido (Ukip), legenda conservadora e eurocética. Já concorreu sete vezes ao parlamento britânico. Nunca se elegeu. Desde 1999, é membro do parlamento europeu.
Ele costuma dizer que prefere continuar defendendo o Brexit em Bruxelas, como deputado europeu, do que em Westminster. Um dos momentos mais controversos de sua campanha pelo Brexit foi apresentar um anúncio publicitário que mostrava uma fila de imigrantes caminhando por um campo sob o slogan "Ponto de Ruptura".
A peça apresentada pouco antes do assassinato de uma parlamentar Jo Cox, do Partido Trabalhista, foi chamada de "racista" e "xenófoba" pelos adversários. Farage sempre fez da fobia à imigração e de sua posição anti-UE o palanque para sustentar sua carreira política.
Polônia - Kaczynski
É outro sobrenome histórico do conservadorismo na Polônia. Durante vários anos, os irmãos gêmeos Lech e Jaroslaw Kaczynski estiveram à frente do poder no país. O primeiro como presidente da Polônia, o segundo como primeiro-ministro. Ambos no ultraconservador Partido Lei e Justiça (Pis). Lech morreu em um acidente aéreo em 2010, aos 60 anos. Jaroslaw é considerado o autêntico artífice e a versão mais radical do partido. Ambos representavam a ideia de um "Estado forte", de tônica nacionalista, frente ao rivais de centro e esquerda, com propostas de defesa da União Europeia. Lech ressaltava seus vínculos com a Polônia tradicional e católica. Como prefeito da capital polonesa, proibiu passeatas de igualdade organizadas pelos homossexuais.
Rússia - Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, é hoje um dos líderes mais influentes do mundo, tendo se posicionado como o grande opositor da influência americana no Oriente Médio e à ampliação da Otan para o Leste.
Entre os cargos de primeiro-ministro e presidente, está no poder desde 1999. Foi espião dos tempos da antiga KGB, o serviço secreto soviético e diretor do Serviço Federal de Segurança, órgão de inteligência russo. Tem altas taxas de popularidade, mais de 80% de aprovação, muito em função de sua abordagem agressiva contra o Ocidente, eficaz para fazer emergir o orgulho pátrio dos russos. Entretanto, é considerado um presidente autoritário e centralizador, que censura a imprensa e caça a oposição e minorias, como grupos LGBT.
Putin é o sustentáculo internacional do ditador sírio, Bashar al-Assad. Também pesa sobre ele as suspeitas de interferência nas eleições dos Estados Unidos em 2016. O Reino Unido acusa a Rússia de tentar matar, por envenenamento, um ex-agente dos tempos soviéticos que vivia no país. Se cumprir o mandato até 2024, Putin vai se firmar como o homem que por mais tempo comandou seu país desde Josef Stalin (1924-1953).