A pressão sobre o Congresso dos Estados Unidos para impedir que crianças fiquem sem documentos e separadas dos pais presos quando tentam entrar ilegalmente usando a fronteira com o México, aumentou com a divulgação de novas imagens de abrigos e áudios de meninos e meninas chorando. Dentro de um velho armazém no Texas, os pequenos estão sendo mantidos em grandes gaiolas de metal. Uma delas abriga em torno de 20 crianças. Elas se espalham pelo chão, cobertas com folhas de papel laminado, e recebem garrafas de água e sacos de batata frita.
Também foram mostrados casos de crianças que acabaram ficando nos abrigos meses depois da deportação dos familiares adultos. Chocada com as fotos, a bancada democrata uniu-se em torno de um projeto de lei para proibir a separação de famílias. Dentro do próprio Partido Republicano, alguns políticos já se movimentam contra a tolerância zero do presidente Donald Trump.
O deputado do Estado do Colorado, Mike Coffman, por exemplo, disse nesta segunda-feira (18), no Twitter, que quer ajudar a acabar com "o desastre de direitos humanos na fronteira". Ele é um dos parlamentares que apoiam o chamado Keep Families Together act, a lei pelas famílias juntas. Trata-se de uma proposta da senadora Dianne Feinstein para impedir a separação familiar.
Senadores trabalham para votar o projeto o mais rápido possível. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Feinstein disse que não há lei que exija que uma criança seja retirada dos braços de uma mãe durante a amamentação.
— Esta é uma política imoral de Trump, que deve acabar imediatamente — afirmou.
Na última sexta-feira (15), Trump culpou os democratas pela situação das crianças em abrigos superlotados. Segundo ele, isso se deu porque o muro entre os Estados Unidos e o México ainda não foi aprovado pelo Congresso. Isso acabou causando ainda mais polêmica. Até a primeira-dama Melania Trump defendeu que o governo deve seguir as leis, mas que não deve deixar de governar com o coração. Ela condenou a separação familiar.
A Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a pedir que o governo Trump interrompa a separação de famílias. Mesmo com a pressão, Trump disse que não deixará de cumprir estritamente a lei que já existe – que determina a prisão pelo crime de entrada ilegal no país.
— Não permitirei que os Estados Unidos se transformem em um campo de migrantes, nem em uma instalação de refugiados — afirmou.
No Texas, em um local onde funcionava um supermercado, agora estão abrigadas 1,5 mil crianças. Além dos abrigos improvisados, o governo Trump cogitou utilizar bases militares com barracas para abrigar os menores.
As propostas do governo para contornar o problema dos abrigos superlotados e a dificuldade de reunir crianças e pais após a separação na fronteira vêm recebendo críticas de entidades de direito civil, da ONU e de congressistas.
Uma pesquisa divulgada pela rede de televisão CNN revelou que 67% dos americanos são contra a separação de filhos e pais. Do universo dos entrevistados, que considera eleitores democratas, republicanos e independentes, somente 28% afirmaram estar de acordo com a medida de Trump, de cumprir a lei à risca e prender os pais, mesmo que seja necessário separar as crianças. Entre eleitores declaradamente republicanos, 58% afirmaram não desaprovar a medida.