A política externa costuma ser reflexo e expressão da realidade interna de um país. Não à toa, diante da atual crise doméstica, a diplomacia brasileira anda bastante apagada. Ainda que não sejam prioridade nos discursos dos candidatos à Presidência, desafios internacionais urgentes batem à porta do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Um dos mais complicados é o esfacelamento institucional da Venezuela, situação que respinga na fronteira brasileira, em Roraima, com a chegada de migrantes que fogem do país de Nicolás Maduro.
A crise vizinha divide os aspirantes ao Planalto, que vão da solidariedade ao regime venezuelano até os que o consideram uma ditadura.
Outro tema que costuma polarizar os debates de política externa é a relação com os Estados Unidos. Historicamente, o Brasil ora se aproxima ora se afasta da Casa Branca. Na era Donald Trump, um presidente que tem optado por uma política protecionista e isolacionista, esse diálogo se torna ainda mais complexo não apenas no campo comercial. A discussão global sobre ambiente tem potencial para colocar Brasil e EUA em campos opostos.
Diferentes governos têm defendido a reforma do sistema internacional, pautado ainda hoje pela lógica pós-II Guerra Mundial com um Conselho de Segurança das Nações Unidas concentrado nas mãos de EUA, França, Reino Unido, Rússia e China.
Ao eleger parceiros e rivais externos, os partidos também dão mostras de suas preferências no comércio exterior: maior aproximação com os vizinhos latino-americanos ou a busca por mercados além do Atlântico e do Pacífico? Como será a relação com a China, um dos principais compradores dos produtos brasileiros? Que relevância terá o Brasil nos Brics? E o aguardado acordo entre Mercosul e União Europeia, que, tudo indica, só será assinado pelo futuro presidente, sairá mesmo?
A coluna analisou os planos de governo dos cinco candidatos líderes nas pesquisas para extrair como pensam a política externa em sete assuntos fundamentais.