São conhecidos os frequentes ataques do presidente Donald Trump à imprensa americana, em uma estratégia que passou a ser imitada mundo afora por líderes autoritários como Rodrigo Duterte, nas Filipinas, Nicolás Maduro, na Venezuela, e Recep Tayyip Erdogan, na Turquia, entre outros. Basta não concordarem com uma notícia publicada pela imprensa profissional para taxarem-na de “fake news”.
Em um jogo retórico que reverbera em sua própria plateia, tornou-se comum políticos transfigurarem o verdadeiro sentido da expressão "notícia falsa". Ora fake news sempre foi, é e será o boato, a mentira ou dados manipulados para reforçar um argumento falso. Trump, desde que assumiu o governo, em 2017, tem usado o carimbo “fake news” para qualquer informação jornalística de que não gosta, em especial críticas ao seu governo. Por vezes, incita seus apoiadores a atuarem contra veículos de comunicação, em tuítes no qual chama a imprensa de "inimiga do povo".
Nesta quinta-feira (16), em uma ação coordenada sem precedentes, mais de 300 jornais dos EUA publicaram editoriais nos quais respondem a esses ataques sistemáticos. Nos textos, alertam a população sobre os riscos à democracia e à liberdade de expressão embutidos nas ações do presidente, que muitas vezes proíbe determinados veículos de cobrirem as coletivas diárias da Casa Branca.
A proposta nasceu no The Boston Globe, o jornal de Massachusetts que expôs a rede de padres pedófilos na Igreja Católica (ilustrada no filme Spotlight, em 2015). A convocação veio em 10 de agosto por meio de uma hashtag EnemyOfNone (Inimigo de ninguém). Na quarta-feira (15), alguns jornais começaram a aderir à campanha.
Nesta quinta, somaram-se 300 veículos de comunicação, entre eles gigantes como The New York Times, e também jornais menores. Os textos dos editoriais, seção das publicações onde os veículos expressam sua opinião, alertam sobre os riscos a que estão expostos os pilares da maior democracia do planeta, em especial a famosa Primeira Emenda.