Um prensado de salame com pão cervejinha e um suco de melancia – só que o suco, veja bem, servido na jarra do liquidificador. Minhas duas maiores saudades da Lancheria do Parque, se tudo der certo, estarão à minha frente daqui a quatro ou cinco dias, em uma daquelas mesas de granito bege.
– A ideia é reabrir na semana que vem – adianta um dos sócios da Lanchéra, Neomar Turatti.
Fechada desde 20 de março, por causa da pandemia, a tradicional lancheria da Osvaldo Aranha tem chamado atenção nos últimos dois meses: quem passa pela calçada percebe a movimentação do lado de dentro. Turatti diz que, como as atividades foram suspensas, era hora de dar uma recauchutada.
Os banheiros – que, vamos combinar, não eram o ponto forte da velha Lanchéra – voltarão maiores, com novo piso, novas pias e novas cores. O balcão teve a estrutura reformada, o inox também foi trocado, mas nada disso é muito visível.
– Não dá para mexer muito, senão o pessoal reclama – brinca o sócio.
A mudança mais evidente será na capacidade da lancheria. Antes, ali cabiam 120 pessoas sentadas. Agora, não deve passar de 40 ou 50. Além das mesas afastadas, a comprida bancada teve metade das banquetas giratórias arrancadas – foi a saída para ampliar a distância entre um assento e outro.
Os oito sócios da Lancheria do Parque – além de Turatti e do fundador Ivo Salton, seis antigos funcionários têm uma fatia do negócio – não confirmam a data de reabertura porque ainda estudam alguns detalhes. Por exemplo: o número de garçons que serão necessários nessa nova configuração.
– Tivemos que demitir 20 há sete meses, foi muito triste – relembra Turatti.
Aberta em 1982, a Lancheria do Parque, que virou patrimônio afetivo do Bom Fim, não vai se aposentar tão jovem.