A Confeitaria Maomé vai deixar a Rua José Bonifácio, após 43 anos próxima ao Parque da Redenção. O estabelecimento familiar deve se transferir para o bairro Petrópolis no final de novembro.
O motivo é o valor de aluguel do ponto, conta que ficou insustentável após a chegada do coronavírus a Porto Alegre, segundo o sócio e gerente, Antonio Augusto Cauduro Harb, 58 anos.
— A pandemia trouxe ameaças e também a necessidade de encontrar soluções — diz Antonio, que abriu o ponto com os pais e as irmãs na década de 1970. — Acredito que a gente está encerrando um ciclo e começando outro.
O novo endereço será na Vicente da Fontoura, 1.857, em espaço compartilhado com o Bistrô Marzana. Como o parceiro já trabalha com pratos a la carte, a Maomé deixará de fazer almoços e focará na confeitaria, incluindo doces, tortas, cafés, quiches, salgados, pastelões e sorvete.
O imóvel conta ainda com um espaço propício para a realização de eventos, e Antonio tem planos de adequar um espaço externo nos fundos para proporcionar atendimento também ao ar livre.
O sócio relata que, quando abriram o negócio ao lado da Igreja do Santíssimo Sacramento e de Santa Teresinha, ainda não era um ponto movimentado. Foi um ano antes do começo do Brique da Redenção. Quem passava por lá dizia que “precisariam vender doce para os passarinhos”.
Na avaliação dele, a Maomé contribuiu para consolidar e valorizar o ponto, mas já vinha sofrendo com aumentos no preço do aluguel. Na pandemia, precisou trabalhar apenas por telentrega ou takeaway por muito tempo, e ainda hoje o estabelecimento só pode ofertar 50% das mesas.
Antonio tentou negociar a redução do valor do aluguel, mas não conseguiu. Não se interessou pela possibilidade oferecida de pagar uma porcentagem do valor parcelada após a pandemia. GZH não conseguiu contato com o provincial da congregação católica a qual pertence o imóvel.
A Maomé recebeu um aviso pedindo para desocupar o imóvel por falta de pagamento, e precisa sair até dia 30 de novembro. A confeitaria pretende manter o atendimento na José Bonifácio até 22, um domingo, e abrir no novo local na semana seguinte.
A maior preocupação de Antonio agora é se a freguesia vai acompanhar a empresa na nova fase. Ele destaca que a confeitaria vai manter o mesmo padrão de qualidade dos produtos e que o novo ponto fica a pouco mais de dois quilômetros de distância do original:
— A ideia é que a gente trabalhe tão bem ou melhor lá.
A pandemia também levou à redução da equipe. Se até alguns anos atrás a Maomé já chegou a ter 30 funcionários, hoje, tem sete. Mas Antonio se mostra grato pela possibilidade de seguir tocando o negócio da família:
— A gente está tendo o privilégio de conseguir continuar trabalhando em novo lugar.