Nos três primeiros anos do governo Marchezan, as reuniões do Orçamento Participativo tinham sempre uma promessa. Se a Câmara de Vereadores aprovasse os chamados projetos estruturais – como a revisão da planta do IPTU e o corte nos benefícios dos servidores –, a prefeitura voltaria a ter dinheiro para investir nas periferias.
Líderes comunitários compraram a ideia. Pressionaram os vereadores, apoiaram o governo, e o parlamento aprovou tudo. A partir daí, claro, a expectativa por investimentos cresceu nas comunidades.
Lembrei disso porque ontem, no Jornal do Almoço, uma reportagem de Josmar Leite mostrou a situação do bairro Ponta Grossa, no extremo sul da Capital: esgoto a céu aberto, buraco por todo lado, alagamentos, falta de pavimentação, um horror. A prefeitura informou que, dos R$ 17,8 milhões orçados para 2020 no Orçamento Participativo, R$ 1,2 milhão irão para o extremo sul.
Já é um começo, mas, desses R$ 1,2 milhão, quase R$ 1 milhão serão para a retomada das obras de uma creche que estão paradas desde 2016. Ou seja: é uma demanda do Orçamento Participativo de 2012. E o restante do dinheiro (R$ 250 mil) vai para "melhorias" em outras três creches e para os projetos – não para as obras, que são uma fase posterior aos projetos – de pavimentação de cinco vias.
Em resumo, ao menos por enquanto, nada do que apareceu na reportagem vai mudar. Mas é preciso reconhecer que, pela primeira vez em anos, a prefeitura volta a botar dinheiro no OP. Isso é importante porque, sem o Orçamento Participativo, ganha a comunidade mais amiguinha do secretário ou aquela que adota um vereador de estimação. Não é justo nem republicano que seja assim.
Vamos ver se o governo agora cumpre o que prometia nas reuniões das periferias: é hora de voltar a investir.