Porta destruída, garrafas estilhaçadas, piso ensanguentado e cadeiras quebradas. Assim ficou o bar do comerciante Waldo Dias, 54 anos, depois que uma briga generalizada nas proximidades da Orla invadiu seu estabelecimento no último sábado (26).
– Uma coisa que levei um ano para fazer foi depredada em cinco minutos – lamenta ele.
Dono do pub República dos Gatos, situado atrás da Praça Julio Mesquita – aquela do aeromóvel –, Waldo é conhecido na região por ter adotado informalmente a área verde: recolhe o lixo, rega as plantas e conserta brinquedos que amanhecem quebrados. Na hora do tumulto, por volta das 21h30min, um dos envolvidos entrou correndo no bar para fugir de um grupo que o perseguia.
– Eram muito agressivos – conta o único cliente que seguia no local, o estudante Gustavo Gomes, 21 anos. – Na hora em que o Waldo fechou a porta de vidro, eles se jogaram contra ela, e os estilhaços foram caindo por cima de tudo.
O rapaz que já tinha invadido o bar, com sangue escorrendo do corpo, subiu a escada e foi parar no quarto de Waldo, no segundo piso. Mas, no momento em que a pequena multidão – em torno de 15 pessoas – se preparava para entrar, a Guarda Municipal apareceu para conter o confronto.
– Ainda bem que chegaram rápido, senão iam quebrar tudo – acredita Gustavo.
Sinto um descrédito no ser humano, sabe? Sempre lutei por um mundo melhor. Por que recebo isso em troca?
Segundo o próprio dono do pub, o patrulhamento ostensivo – tanto da Guarda quanto da Brigada – cresceu visivelmente desde que um adolescente foi morto na Orla, em setembro. O problema, portanto, não teria ocorrido por falta de polícia.
– Sinto um descrédito no ser humano, sabe? Sempre lutei por um mundo melhor, sempre cuidei da praça, sempre atendi bem as pessoas. Por que recebo isso em troca? – pergunta Waldo, calculando um prejuízo de R$ 10 mil.
Para ajudá-lo a cobrir os custos, grupos no Facebook se organizam para levar cada vez mais gente para almoçar na República dos Gatos. Waldo acha melhor assim, embora uma amiga tenha se oferecido para abrir uma vaquinha.
– Prefiro me reerguer com o meu trabalho – afirma ele.
Com Rossana Ruschel