– O meu sonho é adotar essa praça.
A frase é do vendedor de churrasquinhos Waldo Dias, 51 anos, que já foi personagem da coluna devido à comovente dedicação que dispensa à Praça Júlio Mesquita, em frente ao Gasômetro. Há quatro meses ele tenta adotá-la oficialmente, assim como o Zaffari, a Panvel e outras empresas adotam espaços públicos em troca de propaganda. Só que Waldo nem quer propaganda:
– Quero orientação para plantar, para cuidar de tudo sem infringir as regras. Quero fazer um balanço para as crianças, iluminar a parte escura da praça, colocar bituqueiras.
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Mas Waldo tenta ligar para a Smam e ninguém atende. Diz que já passou seu contato para a Secretaria de Serviços Urbanos, mas ninguém retorna. Enquanto isso, ele segue limpando, regando as plantas, consertando o que quebra e distribuindo sacolas de lixo a quem transita pela Júlio Mesquita.
Supervisora interina de praças e parques da Smam, Gabriela de Azevedo Moura diz que Waldo pode, sim, adotar a praça, já que ele possui CNPJ – a lei só autoriza pessoas jurídicas a se candidatarem à adoção de áreas verdes. Só que a legislação está sendo revisada e, por isso, as adoções foram suspensas.
Gabriela sugere que Waldo volte a procurar a Smam para conversar sobre suas ideias – mesmo que ele esteja há quatro meses fazendo isso:
– Eu desconhecia a história do Waldo, mas o nosso canal de comunicação é superaberto. Ele pode nos contatar pelo e-mail ou pelo telefone que são divulgados no nosso site.
Quem sabe não é hora de a própria prefeitura, agora, ir atrás desse cidadão que só quer ajudar? É de gente como Waldo que a cidade precisa.