Espremidas em um corredorzinho de dois metros de largura, com um muro alto de cada lado – e com a lua cheia brilhando entre nuvens –, dezenas de pessoas avançam em direção ao segundo cemitério. É noite de sexta-feira 13, momento propício para encontrar um fantasma, mas o risco vale a pena: ao final da travessia, lá está outra fatia do maior museu a céu aberto de Porto Alegre.
O cenário acima é o que deve ocorrer a partir das 19h30min desta sexta, quando 200 pessoas vão conhecer em detalhes, nos altos da Azenha, o conjunto de necrópoles mais extenso que o Brasil tem. Necrópole, vale lembrar, é cidade de mortos – justamente o que se enxerga antes de entrar e depois de sair daquele corredor apertado que interliga o Cemitério da Santa Casa e o São José, na Avenida Oscar Pereira.
Só nesses dois terrenos, são 10,5 mil túmulos, boa parte adornada por monumentos que fariam até o demônio mais terrível amolecer. São centenas de obras de arte, algumas produzidas na Europa, outras por renomados escultores daqui – entre eles Antonio Caringi, o pai do Laçador –, que homenageiam figuras anônimas, políticos e artistas que já passaram para o lado de lá.
– As pessoas acham que vão sentir medo, mas começam a conhecer as histórias e vão se envolvendo – diz a historiadora Amanda Mensch Eltz, que, ao lado da colega Luiza Neitzke, vai conduzir a caminhada promovida pelo Centro Histórico-Cultural Santa Casa.
Organizado para 200 pessoas, com ingresso a R$ 10 – ou meia-entrada a R$ 5 –, o passeio ainda recebia inscrições até o fechamento deste texto, neste site, mas a procura era alta. Além de visitar mausoléus já conhecidos, como de Júlio de Castilhos, Otávio Rocha ou Teixeirinha, o percurso vai abordar histórias curiosas que começam lá no século 19.
Ah, recomenda-se o uso de lanternas. Vai que aparece algo estranho.