O objetivo da prefeitura – que reconhece a dificuldade para manter capina, pintura e varrição – era já ter concedido o canteiro central da Avenida Ipiranga à iniciativa privada. Mas, quatro meses após o lançamento do edital de adoção, nenhuma proposta surgiu ainda.
O governo acredita que a demora, em primeiro lugar, é reflexo natural de uma novidade. De fato, a ideia é nova – e também é boa. Desde que o decreto de Marchezan foi publicado, um ano atrás, quatro canteiros já foram adotados por empresas. Outros 13 já têm propostas concretas. Em troca da manutenção dessas áreas, os empresários instalam placas avisando que a firma é “parceira da cidade”.
Só que, no caso da Ipiranga, a adoção custa mais caro porque os trechos são maiores. Pensando nisso, a prefeitura já dividiu a avenida em três: entre a Edvaldo Pereira Paiva e a Silva Só; entre a Silva Só e a Salvador França; e entre a Salvador França e a Antônio de Carvalho. Cada adotante, apenas para fazer o básico – sem instalação de bancos, por exemplo –, gastaria entre R$ 150 mil e R$ 180 mil por ano.
No mundo ideal, o governo sonha com empresas bancando reformas paisagísticas e áreas de lazer à margem do Arroio Dilúvio. Mas, na atual crise financeira do município, quem se comprometer em pelo menos aumentar a frequência da capina, da pintura e da varrição já tem boas chances de virar adotante.
Escrevi outro dia que o canteiro central da Ipiranga, sempre ao alcance do olhar de todos, talvez seja a área verde mais exposta e visível da Capital. Quando sucumbe ao abandono – como se vê na imagem, captada na quarta-feira (6) à tarde entre a Azenha e a João Pessoa –, a agressão visual é terrível. Quem conseguir amenizar esse impacto merece, mesmo, o status de parceiro da cidade.