Iniciativas de moradores que se organizam para limpar praças de Porto Alegre são cada vez mais visíveis. E, nelas, há um aspecto em comum: a demora do poder público para limpar as áreas de lazer. Dois casos recentes ocorreram na praça Pery Castro, no bairro Espírito Santo, e na praça localizada entre as ruas Múcio Teixeira e Uruguaiana, no Menino Deus.
Segundo a professora Thaís Meditsch, 55 anos, a mobilização da Zona Sul surgiu no início de abril, quando vizinhos criaram um grupo de WhatsApp para discutir os problemas do bairro.
– Nos demos conta de que a praça estava abandonada, com o mato alto, bichos, inutilizável mesmo. Resolvemos colocar a mão na massa – conta.
Desde 21 de abril, foram feitos três mutirões para dar uma nova cara ao local. Thaís conta que o grupo promoveu uma vaquinha para bancar a locação de um contêiner para depositar o lixo e a grama recolhida e que alguns vizinhos compraram máquinas roçadeiras com dinheiro do próprio bolso.
– O objetivo é conseguir deixar tudo limpo para as crianças e, no final, buscar uma forma de adotar a praça – conta.
O caso do Menino Deus é mais antigo: a primeira limpeza custeada pelos moradores ocorreu em março de 2017, quando a aposentada Maria da Assunção Rodrigues, 67 anos, síndica de um prédio das redondezas, resolveu contratar um casal de jardineiros para limpar o lugar. De lá para cá, ganhou apoio do síndico de um edifício vizinho, e o serviço foi repetido outras três vezes – a última no final do mês passado.
Além do lixo espalhado, Maria diz que a maior preocupação era com a copa das árvores, que encostava nos fios elétricos e nos brinquedos. Junto com a poda e com a limpeza, foram replantadasalguns vegetais, como espadas-de-são-jorge.
– Tentamos deixar a praça mais confortável para as famílias que moram por aqui e estavam deixando de frequentar o lugar – afirma Maria.