Quatro meses após dizer que os azuizinhos inventam multas — o que lhe rendeu no Twitter um chega pra lá do prefeito Marchezan —, o vereador Valter Nagelstein (PMDB) recebeu da EPTC uma série de dados que havia solicitado.
Um deles: enquanto em 2016 o município arrecadou R$ 26 milhões com multas de trânsito, só no primeiro semestre de 2017 o montante ultrapassou R$ 34 milhões. Não dá para esquecer que o valor nacional das multas aumentou em mais de 50% neste ano, mas ainda assim alguns números gritam. A média diária de multas aplicadas por azuizinhos atingiu seu ápice em maio, junho e julho deste ano: 1.167. Nos nove meses anteriores, a média foi de 753 multas por dia.
Em julho, o número total de multas aplicadas por azuizinhos foi o maior dos últimos 12 meses: 36.409.
Nagelstein lembra que Marchezan, durante a campanha, prometeu "mexer nessa lógica arrecadatória". De fato, em 14 de outubro de 2016, ao jornal Metro, o tucano criticou a "indústria da multa" e disse que "a EPTC tem um foco, que é arrecadar".
— Estou cobrando, além de uma promessa de campanha, respeito aos cidadãos que muitas vezes são violados por uma prática arbitrária — diz Nagelstein.
Diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti afirma que, se compararmos o período entre janeiro e setembro, o número de multas caiu de 377 mil em 2016 para 370 mil em 2017. Ele reconhece que o número de penalidades aplicadas pelos agentes subiu, porque cada vez mais azuizinhos vêm utilizando os chamados talões eletrônicos — e, sem a necessidade de preencher dados como horário e localização da infração, eles teriam mais tempo para identificar mais transgressões.
Mas, segundo Soletti, o número de multas por radar caiu 30%, porque "o prefeito cumpriu a promessa de deixá-los visíveis". Conforme ele — e aqui eu concordo —, a grande maioria das infrações ainda nem é detectada.