Em meio várias dúvidas e até algumas certezas apressadas acerca da falta total de interesse do presidente eleito americano Donald Trump nas relações com a América Latina, o cientista político e historiador Wolf Grabendorff surpreende ao ver algumas vantagens para a Argentina. Por quê? Porque o engenheiro Rex W. Tillerson, atual presidente e CEO da Exxon Mobil Corporation, será o secretário de Estado dos EUA no governo Trump.
Sim. E?!
Ora, diz Grabendorff, um entendido em temas latino-americanos:
– Em relação à América Latina, além do México, a Exxon tem enormes interesses na Argentina, na famosa jazida petrolífera de Vaca Muerta, uma das maiores fontes de gás no mundo. ExxonMobil já tinha prevista o investimento de US$ 10 bilhões nos próximos anos na Argentina. Por esse interesse da Exxon, a Argentina pode ser um sócio mais interessante para os EUA do que o México, com seus problemas de vizinhança e migração. Por outro lado, também é possível que uma mudança das relações beneficie a América Latina. Alguns países, como Brasil e Argentina, tratam de ter boas relações com a Rússia, e isso será mais fácil nos próximos anos.
Hmmm...
A análise de Grabendorff foi dada para a Deutsche Welle.
Em um pequeno resumo, o que se sabe a respeito das tendências de Trump em relação à América Latina? Quatro países estariam na mira: México (o vizinho, com sua forte relação comercial e seus problemas migratórios), Colômbia (que passa por um histórico acordo de paz com a guerrilha marxista), Venezuela (que vive seu particularíssimo caos institucional e socioeconômico) e Cuba (com quem os EUA começaram sob Obama um historicamente impactante reatamento diplomático). Em relação ao México, que integra a Aliança do Pacífico com Peru, Chile e Colômbia, poderia haver algum respingo para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, já que este bloco, ao tomar um rumo mais pragmático, ensaiava uma aproximação com a turma do Pacífico. Claro que um congelamento americano com o México teria efeitos em tudo isso.
Agora, vem Grabendorff falando palavras bem plausíveis sobre a Argentina.
Como o argumento é pecuniário, não é de se duvidar que essa aproximação ocorra, mesmo que haja problemas familiares entre os clãs Macri e Trump devido a antigas desavenças imobiliárias em Manhattan.
Mas aí é outra entre tantas histórias...
Em tempo: Grabendorff acredita mesmo que o que importará aos EUA de Trump é Argentina e México.
Fora da América Latina, a aproximação se dará com a Rússia, com a Exxon também tem interesses estratégicos de altíssima relevância.
Enfim, queres entender o futuro da política externa americana? Siga a pista do dinheiro. E mais: saiba o que convém mais aos EUA, porque, para Trump, é sabido de todos que... só isso que interessa.
Por eliminação, se ele tiver razão, a China estará mais presente na nossa região.