Até o secretário de Energia, Lucas Redecker, avalia que o Estado está passando por um "inferno astral" em geração de energia. Em três dias, o BNDES cancelou financiamentos para carvão, e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deu parecer que impede a participação de parques eólicos no leilão de dezembro. A secretaria enviou ofício ao Ministério de Minas e Energia solicitando a aceleração do término da linha de transmissão que viabilizaria a entrada dos projetos gaúchos ou aumento no prazo de entrega futura da energia gerada.
Diretor de Estudos de Energia Elétrica, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Amilcar Guerreiro, confirmou à coluna que, diante da avaliação do ONS, todos os projetos no Sul do Estado serão inabilitados – não terão como participar do leilão. Considerou a situação "praticamente inalterável no curto prazo". Afirmou que o abastecimento do Rio Grande do Sul não está comprometido, mas reconhece o impacto em investimentos em parques eólicos a médio prazo e maiores dificuldades para financiar projetos a carvão.
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Sócio-diretor da Brain Energy, uma das empresas que estava com projeto em Tapes, de 150 MW, pronto para disputar o leilão, Telmo Magadan cobra mobilização tanto do setor público quanto do privado.
– Provavelmente não entrariam todos os projetos, estimados em até R$ 18 bilhões, mas se R$ 1 bilhão fosse contemplado representaria empregos e encomendas a fornecedores do Estado – comenta.
Tanto Redecker quanto Magadan ponderam que, como o leilão foi adiado, o prazo usual para entrega da energia, de 36 meses, virou 30. Caso o governo federal estendesse o cronograma, resolveria o problema. Conforme o ONS, a linha de transmissão entre Povo Novo e Nova Santa Rita ficaria pronta em março de 2019. Na Eletrosul, circulam informações de que o prazo seria dezembro de 2018.
A energia tem de ser entregue em junho, mas com a linha concluída há seis meses. Ou seja, além de certa confusão de informações entre órgãos e empresas federais, o que separa a possibilidade de projetos gaúchos entrarem no leilão é uma questão de meses. Um pouco de razoabilidade resolve.