Sei que não devia tocar neste fruto proibido da árvore da tecnologia, mas confesso que tenho caído em tentação. Apesar de todas as advertências, de vez em quando me pego brincando com a tal inteligência artificial, mais especialmente com o ChatGPT e o aplicativo Leonardo AI.
Ao primeiro gosto de pedir textos curtos a partir de enunciados desafiadores, apenas para ver como os robozinhos se saem diante de propostas extravagantes. Ao segundo peço que produza ilustrações para os comentários recém-elaborados. Ambos me atendem em segundos — devolvendo textos assustadoramente coerentes e desenhos lindos.
Claro que não faço uso algum desse material gerado por minhas sugestões e pela magia da tecnologia. Apenas arquivo e fico pensando no trabalho e no tempo que eu despenderia para redigir um texto sobre o mesmo assunto, e também na minha total falta de habilidade para fazer uma ilustração meramente parecida. Tenho acompanhado relatos de colegas de ofício apontando falhas da IA, que vão de informações erradas à falta de criatividade. Tudo bem, mas continuo achando que seus acertos são mais preocupantes.
Especialistas em tecnologia consultados recentemente pelo jornal britânico Daily Mail voltaram a dizer coisas assustadoras da inteligência artificial. Uma delas é a de que ela está prestes a nos transformar em seres imortais. Não exatamente pela preservação do nosso corpo físico ou do nosso cérebro, como muitos gostariam, mas sim pela criação de um gêmeo digital que permanecerá vivo e ativo depois da nossa passagem para outra dimensão. Como? Com o registro de nossas vozes e a captura de nossos movimentos, que ficarão arquivados não sei onde e poderão gerar novas ações — mais ou menos como já fazem o GPT e o Leonardo AI com as informações e o conhecimento armazenados em seus cérebros infinitos.
De acordo com o prognóstico científico, seremos imortais, mas artificiais. Provavelmente como o mencionado Leonardo AI, que é um sósia digital do gênio italiano e produz verdadeiras obras-primas em segundos, mediante o simples pedido até de quem não sabe nada de arte. Fascinante, assustador mesmo, mas real. Já ando pensando em pedir a ele que me faça um avatar caprichado, para o caso de o dito cujo ficar por aí me representando. De preferência, alto, elegante, cabeludo e inteligente.
Que tempos! Agora temos que nos preocupar também com a imortalidade.