Gosto muito desta minianedota. O professor propõe ao aluno:
— Se você pudesse jantar com qualquer pessoa, viva ou morta, quem escolheria?
E o rapaz, rápido no gatilho:
— A viva, lógico!
Pois uma multinacional de alimentos fez uma campanha publicitária utilizando a mesma pergunta, só que feita separadamente a pais e filhos. Os adultos cravaram em celebridades: Justin Bieber, Nelson Mandela, Elvis Presley e por aí. Depois, as crianças foram questionadas sozinhas, com os pais acompanhando a distância, por câmeras, sem que elas soubessem. Vários deles ficaram constrangidos e emocionados ao constatar que meninos e meninas respondiam sem hesitar:
— Meu pai e minha mãe.
Há variações em torno do tema. Uma questão recorrente no Ensino Médio, para provocar a reflexão dos adolescentes, é a seguinte: se você pudesse escolher apenas uma pessoa para conversar pelo resto da vida, quem seria e por quê? Aqui já não devem aparecer tanto pais e mães nas respostas, se é que aparecem. A garotada provavelmente viaja por outras galáxias, onde orbitam amigos, namoradas e namorados. Não sei. Tenho a curiosidade, não tenho a resposta.
Já vi também uma provocação dessas dirigida a escritores e cronistas: se você pudesse escolher apenas uma coisa sobre a qual escrever para o resto de sua vida, o que escolheria? Como sou um curioso por natureza e ofício, acho que escolheria perguntas. Sempre rendem. Benjamin Franklin, jornalista e revolucionário norte-americano, dizia que o segredo de uma vida digna era fazer-se duas perguntas diariamente. Pela manhã: “O que eu farei de bom hoje?”. À noite: “O que eu fiz de bom hoje”. Eis aí uma atitude interessante para se praticar nestes tempos de pandemia e disputas de poder.
Perguntas, portanto, podem ser mais importantes do que as respostas. E não é este despretensioso escriba que está dizendo isso. O grande Voltaire já escreveu que um homem deve ser julgado mais por suas perguntas do que por suas respostas. A não ser, é claro, quando alguém consegue achar a resposta mais inspirada, mesmo que não seja a certa, como na historinha que abriu esta crônica. Respostas talentosas desmontam até perguntas embaraçosas.
A propósito, se você tivesse que escolher apenas uma pessoa, viva ou morta, para passar o resto da quarentena junto, quem escolheria? Respostas para meu e-mail. Não garanto sigilo.