Asterix e Obelix ficaram órfãos do segundo pai na última terça-feira. Albert Uderzo, o desenhista dos heróis gauleses dos quadrinhos, morreu aos 92 anos enquanto dormia, vítima de uma parada cardíaca sem qualquer relação com a pandemia de coronavírus que também abala a França. René Goscinny, o homem do texto, já tinha morrido em 1977. Seus personagens, que continuam encantando milhões de fãs em todo o mundo (380 milhões de exemplares vendidos em 111 idiomas e dialetos), felizmente são imortais.
E como estamos todos precisando da resistência dos irredutíveis gauleses nesses tempos sombrios! Precisamos igualmente da coragem, da alegria e da argúcia dos destemidos habitantes da pequena aldeia, cercada pelo invasor autoritário e cruel. Precisamos, acima de tudo, de uma poção mágica que nos reanime e nos fortaleça para o combate que está por vir.
Um dia, perguntaram a Uderzo qual era o segredo do sucesso de suas histórias. Ele respondeu com sinceridade que não sabia ao certo: “É como se me perguntassem a receita da poção mágica”. O roteirista Goscinny completou a resposta com uma frase ainda mais inspirada: “Parecemos idiotas que não sabem o que fabricaram. Mas não teríamos conseguido nada sem trabalho. O sucesso é, acima de tudo, horas e horas de trabalho”.
Eis aí a fórmula da poção mágica. Ela existe, sim, mas não