Meu vilão favorito nunca foi o Coringa, que agora reaparece com feições demasiadamente humanas no cinema. Eu gostava mesmo era do Mancha Negra, que atormentava a turma do Mickey e assinava suas vilanias com inconfundíveis borrões de tinta escura. Ele se puxava nas suas maldades: ora roubava as cores do mundo, ora se apropriava de uma invenção poderosa do professor Ludovico para dominar a humanidade. Sempre se ferrava, obviamente, como o maquiavélico Lex Luthor, do Super-Homem, ou o desastrado Dick Vigarista, do desenho de Hanna-Barbera. Na fantasia, o bem sempre vence o mal.
Na vida real, infelizmente, não é bem assim.
O óleo que emporcalha as praias do nordeste brasileiro não deixa dúvida de que um Mancha Negra destes tempos sombrios andou por lá e deixou a sua emblemática assinatura. Quem é o vilão ambiental? Um navio clandestino que resolveu despejar a sua carga maldita em alto-mar? Um oleoduto rompido? Um naufrágio não notificado? O Maduro?
Por enquanto, ninguém sabe, ninguém viu. Parece incrível que numa época de tanta tecnologia, com satélites e câmeras monitorando todos os quadrantes do planeta, um megapoluidor desses se mantenha incógnito. Além disso, o derrame de toneladas de óleo no mar não pode ter sido obra de apenas um indivíduo. Deve haver muita gente envolvida nisso. Será que uma delação premiada, recurso tão familiar ao nosso ministro da Justiça, não ajudará a desvendar o mistério? E o mais intrigante é que não para mais de chegar óleo nas praias do país. Dá a impressão de que o vazamento continua.
O que se pode dizer, diante de tamanho descalabro, é que as autoridades brasileiras e os órgãos investigativos do país estão passando um monumental atestado de incompetência.
Será que teremos que recorrer ao Mickey?