A pergunta acima é atribuída ao físico italiano Enrico Fermi, num debate de cientistas sobre a existência ou não de vida inteligente em outros planetas. Os estudiosos do universo asseguram que apenas na Via Láctea, a nossa galáxia, existem cerca de 9 bilhões de planetas potencialmente habitáveis _ e, ainda assim, ninguém faz contato conosco, ninguém telefona, ninguém manda um whats ou mesmo um reles sinal de fumaça. Por isso, a dúvida que ficou conhecida como o Paradoxo de Fermi.
Pois pego emprestada a interrogação para perguntar onde estão os brasileiros e as brasileiras capazes de transformar nosso país num lugar digno para se nascer e viver. Todos sabemos que esta terra graciosa, como escreveu Pero Vaz de Caminha ao seu rei, "querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem". Traduzida do português para o brasilês, virou "em se plantando, tudo dá", mas revela igualmente o imenso potencial deste gigante pela própria natureza que não consegue se tornar próspero e civilizado.
Onde estão as pessoas que podem mudar o nosso destino? Onde estão os brasileiros íntegros, com disposição para assumir o protagonismo da transformação desejada pela maioria? Onde estão aqueles que devemos eleger para nos representar, sem o temor de que adquiram os vícios dos atuais governantes?
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A resposta talvez passe pela anedota autodepreciativa do estrangeiro que acusou Deus de protecionismo em relação ao nosso país.
_ O Senhor colocou em todos os países do mundo terremotos, furacões, desertos e guerras, mas no Brasil colocou matas verdejantes, águas límpidas, mar maravilhoso, clima temperado e tudo de bom e melhor.
Segundo a narrativa, Deus teria reconhecido:
_ É verdade, meu filho.
E o homem, indignado, retrucou:
_ E o Senhor acha justo?
Ao que o Criador teria argumentado:
_ Você tem que ver o povinho que eu coloquei lá.
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Precisamos nos livrar desse complexo de povinho. Não é culpa de Deus, personagem involuntário dessa história que certamente foi inventada por algum brasileiro criativo, mas desencantado. Chega de desencanto! Se está ruim no andar de cima _ e está _, vamos começar a reforma pelos alicerces da nação, assumindo o protagonismo de nossas vidas, mostrando que podemos ser, ao mesmo tempo, criativos e honestos, alegres e trabalhadores, brincalhões e responsáveis, críticos e participativos.
Acredito que existe, sim, vida inteligente e honesta neste povinho. Falta, apenas, que se revele, que se manifeste, que mostre sua luz e se apresente para a tarefa de reconstrução do país. Precisamos, acima de tudo, comprovar que os cidadãos decentes são maioria e que estão dispostos a enfrentar a corrupção também onde ela nasce, com educação adequada para as crianças, com exemplos positivos dos pais, com fiscalização coletiva sobre desvios de conduta, com o fortalecimento das instituições dem