O parque de diversões das redes sociais agitou-se na semana passada com uma questão de matemática apresentada aos alunos de 11 anos de uma escola chinesa:
– Se um barco transporta 26 ovelhas e 10 cabras, quantos anos tem o capitão?
À primeira vista, parece uma daquelas pegadinhas do tipo "como era o nome do filme?", que invariavelmente resultam em trocadilhos infames. Porém, quando a gente considera a cultura milenar dos chineses, a tendência é olhar para o problema com mais seriedade e procurar alguma proposição lógica que leve à resposta certa.
Os menininhos chineses não foram mais criativos do que seriam os brasileiros. Muitos simplesmente somaram os dois números e chutaram o 36 como resultado. Apenas uns poucos alegaram que o problema não tinha resposta, mais por falta de persistência – suponho – do que por intuir a verdadeira intenção dos professores.
Na internetosfera, surgiu de tudo. Até um blogueiro que estimou o peso dos animais, a idade exigida pelas leis chinesas para o licenciamento de um capitão de navio, concluindo que o piloto do barco deveria ter mais de 28 anos. Chutômetro, também, mas decorrente de um raciocínio mais elaborado.
Gosto de lógica. Acho interessante alguém chegar à solução de um problema a partir de indícios aparentemente nada a ver. Mas fiquei em dúvida sobre os benefícios pedagógicos da questão apresentada pela escola chinesa aos seus aluninhos. Não há resposta possível para o problema. Os próprios professores reconheceram isso depois, alegando que a intenção era apenas fazer as crianças pensarem de modo não convencional. Frustrante, não é mesmo ?
Acredito que seria muito mais produtivo apresentar-lhes um desafio lógico razoável, como este que recolhi ao acaso na internet:
– Se a única irmã do único irmão da tua mãe tem um único filho, que parentesco tem essa criança contigo?
Acertou? Não se entusiasme. Roberto Carlos responderia cantando uma de suas canções mais conhecidas.
Em favor dos chineses – raciocina agora o cronista mais afeito a letras do que a números – está o desafio à imaginação. Sob este ângulo, o enunciado do problema insolúvel não deixa de ser um bom tema para uma ficção. Já pensou, por exemplo, que o capitão daquele barco cheio de ovelhas e cabras pode ser o único irmão da sua mãe, portanto o seu tio?
Aí, bastaria você investigar no âmbito familiar e descobrir quantos anos ele tinha quando fez a intrigante viagem.