Se nunca antes na história do futebol brasileiro os valores foram tão exorbitantes e desconectados do cenário econômico do país, a vinda de Guerrero para o Inter precisa ser analisada além do aspecto técnico. Tanto mais barato se tornará caso faça gols que levem o Inter a títulos ou vaga de Libertadores. Encarecerá às raias do irresponsável se jogar aqui o que vinha jogando no Flamengo.
Porém, um cuidadoso olhar no passado colorado deixa evidente que a aposta em centroavantes experientes é vocação do clube. Os mais variados presidentes deram o lance e não foram poucos os que alcançaram resultado. Lá atrás, a própria vinda de Larry Pinto de Faria foi nesta levada. Veio porque o Fluminense não viu nele um jogador capaz de resolver seus problemas. Resolveu no Inter.
Bem mais tarde, duas vezes na década de 1970, o Inter recorreu a veteranos para a camisa 9 que estava em aberto, embora o time de Minelli estivesse pronto ao redor. Flávio, em 1975, parecia em fim de carreira quando chegou para dar certo. Dario, um ano depois, foi trazido do Sport Recife, onde o atacante talvez começasse a encaminhar o ocaso de sua trajetória. Custou 500 mil cruzeiros à época, muito dinheiro naquele tempo. Reanimou-se no Inter e virou protagonista dos títulos conquistados em 1976.
Não houve o mesmo sucesso com Forlán, que chegou dois anos depois de ser o melhor jogador da Copa da África, mas não lembro de tecer ou ouvir críticas ferozes na iniciativa da direção em trazê-lo. Porém, o custo/benefício foi cruel para o clube.
Duvido que todos os envolvidos nesta negociação recente com Guerrero tenham deixado de avaliar todos os itens de uma transação tão complexa. Particularmente, tenho uma dúvida maior do que todas as outras: se Paolo Guerrero ainda pode ser parecido com o melhor Paolo Guerrero que, seis anos atrás, fez todos os gols do Corinthians no título do Mundial de Clubes no Japão.