Para quem gosta de histórias que começam com "eu tenho uma boa e uma má notícia para você...", Neymar é prato cheio. Quando me perguntam, prefiro a opção que deixa a boa notícia por último. Para mim, a última impressão é a que fica, não a primeira. Então, vamos lá: a má notícia é que, faltando pouco mais de quatro meses para a Copa, nosso camisa 10 segue dando sinais de imaturidade e chamando para si polêmicas que nada somam para sua carreira e o transformam num alvo ambulante.
Aconteceu ainda no meio de semana; como sempre, Neymar apanhava feito bicho quando ele, enfim, é que faz uma falta no adversário. Leva cartão amarelo e, ato contínuo, dirige-se ao jogador que derrubou e estende o braço para ajudá-lo a levantar. Imediatamente, ao ver o braço do adversário também estendido, Neymar recolhe o braço e saiu correndo de costas, rindo. Foi uma brincadeira, mas só ele se divertiu. O outro ficou no chão, derrotado. A imprensa bateu em Neymar e puxou a recente folha corrida do brasileiro. Pergunta inevitável, que talvez Tite também fizesse a Neymar logo depois do episódio: para quê?
Então, vamos à boa notícia: nosso camisa 10 na Rússia vive a plenitude do seu futebol. Se desperta debates pelo que faz sem a bola, é aclamado pelo que realiza quando está de posse dela. Seus números são espetaculares em gols e assistências. O PSG lidera o Francês e está na final da Copa local. Na Liga, é favorito no confronto com o hoje instável Real Madrid nas oitavas-de-final. Agora, torcedor brasileiro, transfira este desempenho brilhante de Neymar para um ambiente onde ele não é fonte de conflito e sim de admiração, a Seleção Brasileira.
Não bastasse, na Seleção é treinado por um gestor que admira, nos braços de quem chorou recentemente numa entrevista coletiva. Tudo leva a crer que Neymar poderá, sim, ser o protagonista de um Brasil campeão na Copa. Se existe algum treinador capaz de reduzir os danos desta personalidade controversa de um dos melhores jogadores do mundo, chama-se Tite. Partindo deste princípio, Neymar teria performance arrasadora, uma vez que costuma crescer na dificuldade, gosta de jogos difíceis, não se esconde na hora grande, ao contrário; aparece mais do que nunca.
A dúvida, porém, permanecerá até a estreia do Brasil. De hoje a junho, haverá outros tantos episódios em que o noticiário sobre Neymar oscilará entre seus feitos espetaculares jogando bola e seus factoides dispensáveis quando não estiver driblando ou fazendo gols. Não concluí ainda se o passar dos anos trará maturidade e diluirá esta vocação para o conflito ou se Neymar será indomável até o fim da carreira. Brilhante e bem-sucedido, Neymar já é. Pode ser mais. Só depende dele.