Depois da apresentação interna das propostas de corte de gastos elaboradas pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, o governo Lula dará início nesta terça-feira (5) a conversas com outras pastas envolvidas em políticas que devem ser revistas. Os projetos para controle do crescimento de despesas devem ser levados ao Congresso até o final da semana.
Responsável por centralizar as conversas, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, se reunirá no final da tarde com os ministros Carlos Lupi (Previdência) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social). Será uma audiência fechada, sem previsão de manifestações posteriores.
O governo tenta manter sigilo sobre as propostas em elaboração, evitando o desgaste antecipado de medidas impopulares.
Na segunda-feira (4), o presidente Lula discutiu as medidas com sete ministros. Entre os presentes na reunião estavam os titulares da Saúde, Nísia Trindade; da Educação, Camilo Santana; e do Trabalho, Luiz Marinho. Todas as pastas devem ser afetadas de alguma forma pelo ajuste de contas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que as despesas do governo precisam caber no arcabouço fiscal, regra criada no ano passado em substituição ao teto de gastos. A discussão atual é sobre o Orçamento de 2026.
Agentes do mercado estão céticos sobre o cumprimento da meta de despesas em razão de falas recentes do presidente Lula, que coloca gastos com programas sociais, saúde e educação como "investimento", sugerindo que não estaria disposto a reduzir a aplicação de recursos públicos nestas áreas.
Além do convencimento do próprio presidente, a aprovação das medidas dependerá de negociação com o Congresso. O pacote deve incluir mudanças constitucionais, exigindo ampla maioria para aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição.