Provavelmente, este é o pior momento das relações entre os governos Lula e Nicolás Maduro, mas, quem almeja protagonismo no tabuleiro geopolítico, precisa tomar lado - o que implica arcar com as consequências. Alinhado ideologicamente do ditador, a quem estendeu o tapete vermelho no Planalto, o presidente brasileiro ficou em cima do muro, enquanto as instituições se esfarelavam na Venezuela.
A eleição de faz-de-conta de Maduro, três meses atrás, acelerou o processo: o Brasil exigiu a apresentação das atas eleitorais, que não vieram. Ato contínuo, o país articulou nos bastidores para que a Venezuela não entrasse no Brics. Houve "quebra de confiança" na relação, nas palavras de Celso Amorim, e o reino de Maduro convocou o embaixador em Brasília, uma demonstração de incômodo.
Agora, em um ato de um órgão de governo e não da diplomacia, a Polícia Bolivariana publicou uma imagem com a bandeira do Brasil e a silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula com a seguinte provocação: "Quem se mete com a Venezuela se dá mal."
Em resposta, o Itamaraty, em nota, se disse surpreso com "o tom ofensivo". A crise não acabou, mas a diplomacia de Lula 3, forçosamente ou não, deu um passo à frente. Ficou do lado da democracia. Saiu maior.