O governo Lula anunciou um programa para baratear carros populares antes de tê-lo formatado. Nos dias seguintes à promessa de reduzir em até 10,96% o valor de carros zero-quilômetro, o tema foi discutido e agora será "repaginado", segundo anunciou nesta segunda-feira (5) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— A gente repaginou o programa, ele ficou mais voltado para transporte coletivo e transporte de carga, mas o carro também está contemplado — afirmou Haddad antes de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros integrantes do governo.
A elaboração do programa foi conduzida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Houve pressa para que o anúncio ocorresse no Dia da Indústria, em 25 de maio. Além de não estar pronto, o projeto causou divergências internas à medida em que não priorizava o transporte coletivo e caminhava contra a lógica de incentivar meios de menor impacto ambiental.
Ao se debruçar sobre o tema, a equipe econômica teve dificuldades de encontrar uma maneira de viabilizar a compensação pelos tributos que o governo deixará de arrecadar. O cenário até agora aponta para uma antecipação da cobrança de impostos do diesel, que voltaria apenas em 2024.
Com a retomada no segundo semestre deste ano, o governo aumentaria o preço do combustível na bomba para arrecadar os recursos necessários para viabilizar o incentivo a carros populares. A medida, pelo que foi projetado até agora, terá duração de quatro meses — além dos carros, também será voltada a ônibus e caminhões dos modelos considerados mais ecológicos.
Diante das mudanças, ainda não está claro se o desconto projetado pelo próprio governo há duas semanas — em torno de R$ 10 mil a menos nos carros mais baratos — será mantido. Ou seja, resta saber se a pressa em antecipar a "boa notícia" à população terá sido favorável ou não ao governo e o impacto que isso causará às fábricas e revendas de automóveis, todas em compasso de espera.