Depois de disparar e se aproximar dos US$ 80 com a ampliação do conflito no Oriente Médio, nesta terça-feira (15) o petróleo despenca com uma promessa feita pelo governo de Israel.
A cotação do barril desaba quase 5% só nesta manhã, para US$ 73,71, depois que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se comprometeu a não atacar a infraestrutura de petróleo do Irã.
Essa possibilidade que estava no radar do segmento ganhou força com uma gafe do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que a confirmou de forma "distraída".
Netanyahu havia afirmado, depois do ataque com mísseis do Irã em território israelense, que a retaliação ao Irã seria "precisa e dolorosa". Agora, segundo o jornal americano Washington Post, o primeiro-ministro teria avisado o governo dos EUA que o exército israelense não atacará a infraestrutura de petróleo nem instalações nucleares do Irã.
Como a relação entre Israel e Estados Unidos não está na sua melhor fase, a credibilidade dessa intenção é relativa, mas o mercado interpretou como compromisso firme.
O movimento embute certo alívio, mas também projeta alguma movimentação de preços à frente, porque alguma retaliação israelense deve ocorrer. Caso se confirme, ao menos vai incidir sobre uma cotação mais baixa - claro, se a revisão de preço se mantiver até lá.
Uma escalada arriscada, ou como chegamos até aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.
- Na noite de segunda-feira (30 de setembro), Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Na terça-feira (1º/10), o Irã disparou mísseis contra Israel. A maioria foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel, que avisou ter intenção de retaliar.
- O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira (2) que a resposta será "precisa e dolorosa".
- O presidente dos EUA, Joe Biden, admitiu a possibilidade de a retaliação de Israel atingir a infraestrutura de petróleo do Irã, depois se desmentiu.