A alta de 0,54% no IPCA-15 de outubro, acima da expectativa, teve outra consequência além de consolidar a projeção de alta de 0,5 ponto percentual no juro na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 6 de novembro.
No Relatório Focus do Banco Central (BC) apresentado nesta segunda-feira (28), o "consenso do mercado" - maioria das projeções da cerca de uma centena de economistas consultados - é de que a inflação feche o ano em 4,55%.
Caso se confirme, o ano encerraria com a inflação acima do teto da margem de tolerância, que é de 4,5%, risco que a coluna havia antecipado.
Caso o "consenso do mercado" esteja certo, um dos primeiros atos do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo será um tanto constrangedor: terá de escrever uma carta pública de explicações.
Embora a responsabilidade sobre os resultados de 2024 ainda seja do atual presidente, Roberto Campos Neto, seu mandato termina em dia 31 de dezembro. O resultado oficial do IPCA de 2024 só deve ser informado pelo IBGE depois da primeira semana de janeiro.
Portanto, a tarefa de justificar o estouro da meta e detalhar o que será feito para evitar que volte a ocorrer caberá a Galípolo. Embora escrever a carta de explicações seja um desgaste para quem está estreando no cargo, é bom lembrar que Campos Neto enfrentou quadro semelhante em 2021 e 2022.
A carta com justificativas e planos de correção de rumo está prevista no regime de metas de inflação adotado no Brasil há 25 anos. Prevê que o presidente do BC dirija o texto ao ministro da Fazenda, mas de forma pública.