Já havia expectativa de aceleração da inflação em outubro, mas o IPCA-15 de outubro veio acima até do esperado: a alta de 0,54% surpreendeu até os pessimistas e consolida a projeção de alta de 0,5 ponto percentual no juro na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 6 de novembro.
O IPCA-15 de setembro havia sido de 0,13%, o que evidencia o grau de aceleração. O indicador é chamado de "prévia da inflação" por ter levantamento idêntico ao do IPCA mensal, apenas com data de coleta de preços diferente, entre meados do mês anterior e meados do atual.
O dado reforça o risco de que a inflação feche 2024 acima da meta, porque o mercado já havia situado o encerramento do ano em 4,5%, limite máximo de tolerância, e o indicador apresentado nesta quinta-feira (24) pelo IBGE veio ainda acima da expectativa.
Como se esperava, a maior pressão de preços veio da mudança da bandeira vermelha 1 para 2 na conta de luz a partir do dia 1º. Isso fez a energia elétrica subir 5,29% no mês, com impacto de 0,21 ponto percentual na taxa final.
Mas nem só de pressões específicas veio a elevação do IPCA-15. Também houve elevação de 0,59% no subitem chamado "serviços subjacentes". Esse indicador específico é acompanhado com lupa pelo Comitê de Política Monetária (Copom) por representar um núcleo da inflação de serviços - transportes, habitação -, e excluir os itens que variam mais, como passagens aéreas.
Outro dado inquietante foi o índice de difusão, que mede o quanto a alta de preços está espalhada. Foi de 55%, no período anterior, para 58,3%. Esse é o percentual de itens que tiveram alta de preços entre os pesquisados pelo IBGE para compor o IPCA.
Curiosidade: Porto Alegre teve a menor alta de inflação entre as capitais pesquisadas pelo IBGE. O IPCA-15 ficou praticamente estável, com variação de apenas 0,17%. A principal causa foi o tombo de 17,16% nos preços das passagens aéreas, maior do que nas demais 10 áreas no Brasil.