Não é toda semana que isso ocorre: no relatório Focus apresentado nesta segunda-feira (21) pelo Banco Central, a projeção mais frequente para o IPCA neste ano saltou de 4,39% para 4,5% - o exato limite do teto da meta de inflação.
O dado cravado projeta certo risco de que Gabriel Galípolo estreie na presidência do Banco Central com uma carta de explicações. Este ano ainda é responsabilidade de Roberto Campos Neto, mas ele deixa o cargo no dia 31 de dezembro e o resultado oficial do IPCA de 2024 só deve ser informado pelo IBGE depois da primeira semana de janeiro.
Caso a inflação de 2024 fique em 4,51%, já será preciso escrever essa carta aberta dirigida ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos de não ter atingido a meta e informando as medidas que serão adotadas para persegui-la.
Também chama atenção a rapidez com que a mediana (mais frequente, em consequência a maioria) das projeções deu esse salto. Não é raro que a variação entre uma semana e outra seja centesimal, de 4,38% para 4,39%. Agora, porém, a mudança foi decimal, pouco usual.
— Os dados sugerem que o Copom não terá outra opção que não ser duro na condução da política monetária, especialmente porque iremos ter a decisão da taxa praticamente no mesmo dia da eleição nos EUA e a perspectiva que Donald Trump possa ganhar em tese pode fortalecer ainda mais o dólar — avalia o economista André Perfeito.
Se ainda havia dúvida que vem aí duas altas de 0,5 ponto percentual, o Focus se encarregou de confirmar esse cenário como básico. Isso significa que deve ser isso - ou mais. A próxima reunião ocorre